Dólar tem efeito leve e IPCA sobe mais com entressafra

A alta do dólar já mostrou influência na inflação de outubro medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), mas “não dá para afirmar com certeza” que esse efeito tenha sido determinante para a elevação da taxa para 0,45%, segundo a coordenadora de índices de preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos. Segundo ela, o impacto do câmbio ocorreu em alguns produtos alimentícios e, provavelmente, em artigos de vestuário (1,27%), que incluem artigos importados.

De acordo com Eulina, além do dólar, que mostra uma “leve sensação” de efeito no IPCA de outubro, a menor oferta de produtos como arroz, feijão e carnes no mercado interno, especialmente por causa do período de entressafra, foi o principal fator responsável pela elevação do IPCA em outubro em relação a setembro (0,26%) e pelo fim da deflação dos alimentos que tinha sido apurada em agosto e setembro.

Eletrônicos

A coordenadora do IBGE afirmou que a alta do dólar ainda não teve nenhum impacto nos artigos de TV, som e informática, cujos preços caíram 0,35% em outubro, exatamente a mesma deflação, nesse item, apurada em setembro.

Os principais impactos para a inflação acumulada pelo IPCA de janeiro a outubro (5,23%) foram dados pela refeição fora de casa (13,11%), carnes (20,43%), serviços pessoais (7,83%), empregado doméstico (9,15%), cursos (4,75%), pão francês (19,14%) e arroz (36,17%).

Por outro lado, as principais quedas de preços, no acumulado do ano, ocorreram na batata inglesa (-20,37%), TV, som e informática (-7,39%), leite em pó (-8,35%), iogurte (-2,57%), telefone celular (-2,82%), gasolina (-0,39%) e hortaliças (-1,68%).

Novembro

A única pressão já conhecida para o IPCA de novembro é a alta de 3,29%, para o consumidor, nas contas de energia elétrica da Light no Rio de Janeiro. Segundo ela, apesar dos “indícios de influência do dólar” na inflação de outubro, é preciso esperar os próximos resultados para checar se as pressões do câmbio no atacado vão chegar até o varejo.

Eulina destacou que, em outubro, a inflação medida pelo IPCA apurada em 12 meses (6,41%) chegou ao maior patamar desde julho de 2005 (6,57%). Ela lembrou que a inflação mensal apurada pelo IPCA vinha recuando, de maneira consecutiva, desde maio e voltou a acelerar em outubro, pressionada novamente pelos alimentos.