Dólar segue em alta e batendo novos recordes

São Paulo

(Das agências) – O dólar comercial bateu ontem dois recordes, ao fechar cotado a R$ 3,17 na compra e R$ 3,19 na venda, com alta de 5,80%. Esse resultado rendeu à moeda americana novo valor recorde e a maior variação percentual em um único dia desde meados de janeiro de 1999, quando o Banco Central extinguiu o regime de bandas cambiais. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) perdeu fôlego na última hora de negociação e fechou com uma tímida alta de 0,25%, com o Índice Bovespa em 9.240 pontos. O volume financeiro foi de R$ 675,8 milhões.

A alta da moeda americana, ontem, só não foi maior porque o BC promoveu intervenções no final dos negócios, vendendo dólares diretamente às mesas de câmbio dos bancos ?dealers?. Na máxima do dia, a cotação de venda chegou a R$ 3,278. Foi nesse patamar que o BC passou a intervir. O Banco Central (BC) confirmou que interveio vendendo dólares no mercado de câmbio pronto. Supõe-se que a injeção da moeda norte-americana no mercado tenha ficado em US$ 50 milhões, conforme política anunciada no início do mês pela autoridade monetária.

Depois do preço do dólar atingir a máxima, operadores do mercado informaram que o BC passou a tomar spread, pesquisar junto aos dealers, taxas de compra. Segundo alguns operadores, o BC chegou a fazer duas ofertas, fato não confirmado oficialmente. O fato é que, após os indícios de atuação do BC dando liquidez ao mercado de dólar, a taxa começou a refluir. O volume de negócios com o dólar no mercado interbancário foi de pouco mais de US$ 700 milhões, metade da média dos últimos dias. O mercado já apresentava uma frustração com a falta de um anúncio de acordo com o FMI e ontem ainda teve de repercutir as declarações do secretário do Tesouro americano, Paul O?Neill, que defendeu restrições a nova ajuda ao Brasil. As declarações foram consideradas desastrosas.

A bolsa paulista acompanhou a alta do mercado acionário americano durante todo o dia, chegando a subir até 4,94%. Somente no final do dia o mercado se rendeu ao péssimo desempenho do dólar e do risco-país brasileiro. Esse comportamento é atribuído principalmente à ação de investidores do curtíssimo prazo, que compram e vendem ações no mesmo dia, recolhendo os lucros. O principal índice de percepção do risco Brasil continua a disparar. Segundo o Banco JP Morgan Chase, às 16h, o EMBI+ brasileiro apontava avanço de 10,2% frente ao fechamento de sexta-feira. O indicador chegou ontem a 2.194 pontos. O principal título da dívida externa brasileira despenca. O C-Bond recua 6,62% e é negociado nos mercados internacionais a 52,13% de seu valor de face.

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