Dólar fecha a R$ 2,90 e risco-Brasil a 817 pontos

São Paulo – O mercado brasileiro manteve o otimismo, ontem, mas a virada de mês impôs ajustes à maioria dos ativos. Depois de cair até 1,33%, o dólar à vista fechou a R$ 2,906 na compra e R$ 2,911 na venda, com baixa de 0,13%. Com isso, terminou o mês de abril em queda de 13,23%, acumulando desvalorização de 17,88% no ano.

Os ajustes não atingiram o mercado de títulos da dívida externa brasileira, embalado pelo sucesso da emissão de US$ 1 bilhão em bônus do governo. O C-Bond bateu ontem seu recorde histórico, ao atingir a cotação inédita de 88,375% do seu valor de face (+1,5%). O risco-País marcava 817 pontos-base no final da tarde, já sinalizando romper mais um patamar.

A surpreendente demanda pelos bônus brasileiros lançados na terça-feira (mais de US$ 6 bilhões) continuaram a animar o mercado. A expectativa agora é que a operação possa incrementar as captações do setor privado. Bancos como Bradesco, Unibanco e Votorantim são exemplos de captações mais recentes, que reforçam as estimativas de que o dólar tem espaço para mais quedas, se o Banco Central (BC) não intervir. E o BC contrariou especulações de que não renegociaria a totalidade de uma dívida de US$ 1,5 bilhão que vence no dia 7. Com um novo leilão de contratos de swap cambial, garantiu ontem a rolagem integral da dívida.

Outra boa notícia da quarta-feira foi o superávit primário de US$ 6,75 bilhões registrado em março. O superávit apurado nas contas públicas consolidadas no primeiro trimestre superou a meta firmada com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para o período. O acordo fechado junto ao Fundo exigia economia de pelo menos R$ 15,4 bilhões para o pagamento de juros. O Brasil conseguiu economizar R$ 22,8 bilhões.

A queda do dólar só não se sustentou, segundo analistas, devido aos movimentos típicos de fim de mês. Os relatos nas mesas de operação são de que os investidores do mercado futuro forçaram uma queda forte pela manhã para garantir a queda da Ptax, média das cotações do dólar no dia, que leva em conta os volumes negociados. A Ptax de ontem é referência para a liquidação de contratos no mercado futuro de câmbio. Ao conseguir obter uma Ptax abaixo de R$ 2,90, os investidores recompraram parte dos dólares que haviam vendido.

A inflação em desaceleração foi outra boa notícia, mas não evitou uma alta das taxas de juros.

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