Dólar em queda não reduz preço do pão

A acentuada queda do dólar verificada no mês passado – retração de 13,82% – ainda não está refletindo na mesa do consumidor paranaense. O pãozinho, por exemplo, item essencial na cesta básica do brasileiro, continua com o mesmo preço, e não há perspectiva de que venha a custar menos por conta da desvalorização da moeda americana. É essa a opinião do presidente do Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitarias do Estado do Paraná, Joaquim Cancela Gonçalves.

De acordo com Cancela, praticamente todos os insumos que incidem no custo do pão – como farinha de trigo, açúcar e óleo de soja – estão atrelados ao dólar. No entanto, ressalva, apenas a farinha de trigo apresentou ligeira queda de 15%. “É uma queda muito insignificante se comparado ao que subiu no ano passado. Só em relação à farinha, o fornecedor teria que reajustar o preço do pão em mais 20%”, aponta Cancela, acrescentando que o pão subiu cerca de 42% no ano passado, enquanto a farinha de trigo, 187%. “Tem que haver um recuo muito grande nos preços do óleo de soja e do açúcar para que o pão custe menos”, acredita. “A gente já tinha que repassar mais custos no preço do pão. Estamos segurando.”

A saca (50 kg) de farinha de trigo especial, que já custou R$ 90,00, passou para aproximadamente R$ 72,00, segundo Cancela. Já o açúcar, que era comprado a R$ 0,45 o quilo, no atacado, em outubro do ano passado, agora está custando R$ 1,20. Já a lata de 18 litros do óleo de soja é vendida por R$ 42,40. De acordo com Cancela, a farinha de trigo incide em 24% no preço final do pão, e insumos como margarina, óleo, açúcar e sal, 28%. Os outros 48% são encargos sociais.

“Temos que ter outras estratégias para diminuir custos”, diz Cancela. O sistema de compras corporativas, cujo piloto já foi implantado, é uma das alternativas. A idéia é reunir o maior número de estabelecimentos para aumentar o poder de barganha e comprar insumos com custos menores. Em todo o Paraná há 3,2 mil padarias, 873 só em Curitiba. O preço médio do pãozinho é R$ 0,25, e o quilo custa entre R$ 4,00 e R$ 5,00.

Dieese

Apesar da afirmação de que o preço do pão não estaria sofrendo reflexo da queda do dólar, o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos do Paraná (Dieese-PR) fez uma prévia em Curitiba e verificou queda de 5% no preço do pãozinho – aproximadamente R$ 0,01 na unidade – em abril. A pesquisa foi realizada em 45 estabelecimentos da capital.

Segundo o coordenador do Dieese, economista Cid Cordeiro, ainda não foi feita análise das variações – motivos que levaram à queda. “Acredito que tanto a questão da soja quanto do pão já estejam refletindo o repasse da variação cambial. Mas isso vai ficar mais claro quando o dólar se estabilizar”, aponta Cid. Para o óleo de soja, foi verificada queda de 13,5%, enquanto a farinha de trigo teria sofrido alta de 3%.

No primeiro trimestre deste ano, a farinha apresentou queda de 10,27%, enquanto o óleo de soja, alta de 8,48%. O preço do pão permaneceu estável. Cid explica que a variação do preço do pãozinho depende de dois fatores: o câmbio do dólar e a cotação do trigo no mercado internacional. Nos 12 últimos meses, o pãozinho subiu 44,13%. A última alta significativa foi verificada em novembro (11,67%).

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