Dólar cai no Brasil e Bolsas dos EUA e Europa tremem

O dólar comercial registrou forte queda, ontem, no mercado brasileiro. A moeda norte-americana fechou cotada para venda a R$ 2,795 (compra a R$ 2,793) pela taxa do Banco Central, uma queda de 2,00% em relação ao fechamento de anteontem. O dólar fechou pela primeira vez abaixo de R$ 2,80 desde o dia 24 de junho.

Os mercados operaram com relativa tranqüilidade no Brasil, apesar da instabilidade no mercado financeiro internacional. O índice Bovespa – principal indicador da Bolsa de Valores de São Paulo – fechou em alta de 2,37%.

O Banco Central voltou a vender ontem US$ 100 milhões no mercado de câmbio com compromisso de recompra em 2 de outubro, dentro da política de intervir diariamente em julho para aumentar a liquidez no mercado. O BC havia anunciado há uma semana que faria intervenções diárias de US$ 50 milhões a partir desta semana, mas, como terça foi feriado em São Paulo, não houve intervenção.

Turbulência nas bolsas

As Bolsas norte-americanas operaram instáveis na maior parte do dia, mas se recuperaram no final dos pregões. O índice Nasdaq, que concentra as ações de alta tecnologia, que chegou a cair 0,3%, reverteu a queda e fechou em alta de 2,11%. O índice Dow Jones – principal indicador da Bolsa de Nova York -que chegou a cair quase 2%, fechou em leve queda de 0,14%.

Nos Estados Unidos, o que preocupou os mercados na maior parte do dia foram sinais de aumento de desemprego no país e novos temores sobre escândalos contábeis de grandes empresas. Nesta quarta-feira, a lista de companhias envolvidas em suspeitas de fraudes contábeis aumentou, depois que a companhia farmacêutica Bristol-Myers Squibb confirmou que suas práticas de vendas estão sendo investigadas por órgãos reguladores dos Estados Unidos. A notícia levou as ações da empresa a recuar mais de 10%, para o pior nível dos últimos seis anos.

Dados divulgados pela manhã mostraram que o número de norte-americanos que buscam auxílio-desemprego pela primeira vez atingiu o mais alto patamar dos últimos seis meses.

As Bolsas européias registraram fortes quedas em seus pregões nesta quinta-feira. Os temores em relação a fraudes contábeis e aos resultados das empresas contagiaram os investidores.

O índice Financial Times -principal indicador da Bolsa de Londres – fechou com desvalorização de 4,3%, em 4.230 pontos, uma perda de US$ 70 bilhões no valor das ações que compõem o índice. É o pior nível atingido pela Bolsa londrina em cinco anos, desde abril de 1997.

O índice CAC, da Bolsa de Paris, fechou em queda de 3,95%, para 3.512 pontos, pior nível desde setembro de 1998.

Sob controle

A situação econômica do Brasil ??é difícil, mas não está fora de controle??, avaliou ontem a agência de classificação de risco Standard & Poor?s, durante a conferência ??América Latina 2002: Perspectivas e Tendências de Risco de Crédito??, em Madri.

A S&P rebaixou recentemente a nota do Brasil de ??BB+?? para ??BB??, devido à dívida crescente e à incerteza política às vésperas das eleições presidenciais.

Segundo a diretora-executiva de Ratings de Riscos Soberanos da América Latina da S&P, Jane Eddy, o governo Fernando Henrique Cardoso está tomando medidas para controlar a crise, e o sistema bancário ??está saneado e conta com liquidez suficiente??.

??Se achássemos que o Brasil está perto da moratória da dívida, sua classificação seria CC, e não a atual BB??, disse Eddy.

Bush e Cheney são investigados

A situação ficou ainda mais instável nos mercados econômico-financeiro dos Estados Unidos depois da informação de que o presidente George W. Bush pode ser denunciado por manipulação do mercado ao vender ações – sem comunicar ao órgão controlador – de uma companhia da qual era acionista e executivo.

O mercado de ações se desvalorizou em US$ 2,4 trilhões neste ano nos Estados Unidos, representando quase um quarto do Produto Interno Bruto (PIB) do país (o PIB dos Estados Unidos é de cerca de US$ 10 trilhões), com as ondas de escândalos contábeis, fraudes de executivos e advertências de lucros assolando com a confiança em Wall Street.

O vice-presidente, Dick Cheney, também não está livre de um processo por manipulação de balanços. Apesar da corporação ter desmentido, a empresa na qual Cheney foi diretor também está sendo investigada pelo órgão oficial americano.

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