Dólar bate novo recorde e as bolsas despencam

São Paulo

(AG) – A segunda-feira repetiu o clima de sexta-feira e o cenário continuou negro nos mercados financeiros. O dólar comercial bateu novo recorde no Plano Real, ao fechar com a cotação inédita de R$ 2,900 na compra e R$ 2,902 na venda, numa valorização de 1,26%. A moeda americana resistiu na maior parte do tempo à turbulência que sacudiu os mercados globais, mas acabou contaminada pela disparada do risco-Brasil e do tombo da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). O viva-voz fechou os negócios em queda livre de 6,53%.

Um outro fator de instabilidade foram os rumores de que nova pesquisa a ser divulgada hoje aponta uma queda ainda maior do candidato preferido pelos mercados, José Serra (PSDB), e um crescimento mais acentuado de Ciro Gomes (PPS). Segundo estes rumores, que deverão ser confirmados hoje, o candidato da frente trabalhista teria aproximadamente 27% das intenções de voto. Com a melhora, o ex-governador do Ceará se distanciaria ainda mais de José Serra, que teria 13% dos eleitores. O cenário também traria o petista Luiz Inácio Lula da Silva com aproximadamente 34%. Analistas e operadores projetam um cenário bastante desfavorável ao candidato governista e uma chance ainda menor de Serra chegar ao segundo turno. O tucano é o preferido pelo mercado financeiro pois representaria a continuidade da política econômica do presidente Fernando Henrique Cardoso.

Para tentar controlar a oscilação da moeda americana, o Banco Central agiu logo pela manhã, por meio de leilão de linha externa, no valor de US$ 50 milhões. A intervenção teve efeito limitado. O dólar chegou até a registrar uma leve e rápida baixa, mas voltou a subir. O BC também promoveu um leilão de contratos de ?swap? cambial para rolagem de vencimentos dos próximos dias, mas mais uma vez vendeu apenas parte do ofertado.

O pedido de concordata da WorldCom, controladora da Embratel, roubou a cena em um dia onde o principal destaque deveria ser a chegada ao Brasil de Anne Krueger, a número dois do FMI, para possivelmente discutir um acordo que garanta a transição de governo. Também a Petrobras concentrou atenções, ao anunciar o acordo de intenções para aquisição do controle da petrolífera argentina Perez Companc. As ações da estatal brasileira despencaram na bolsa, com a expectativa de redução do caixa da empresa com a nova aquisição. Somado a tudo isso permaneceu o cenário eleitoral indefinido, que continua por trás de grande parte do estresse dos investidores.

Segundo Francisco Gimenez Neto, diretor da corretora NGO, tudo isso favoreceu a ação especulativa de grandes investidores. O analista sustenta que a ração diária de US$ 50 milhões que o Banco Central vende diariamente se mostra inócua diante do poder especulativo. “O BC deveria reduzir o espaço para especulação, em vez de tentar apagar um incêndio com doses tão pequenas de dólares. O mercado até se comportou bem, mas não tinha como resistir a um risco-país de 1.600 pontos e uma queda de 6% da Bovespa, disse ele.

A chegada de Anne Krueger continuou a alimentar a esperança de um acordo que acalme os mercados, mas foi fortemente ofuscada pelas bolsas americanas, que perderam suportes importantes e arrastaram a Bovespa.

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