Disputa com a El Paso pode “apagar” Manaus

Rio  – A população de Manaus corre sérios riscos de ficar sem energia elétrica por causa de uma briga entre a Eletrobrás e a empresa americana El Paso. O desentendimento entre as duas gira em torno do preço de venda da energia gerada pela El Paso Amazonas, uma das duas termelétricas (a óleo combustível) da El Paso, que é responsável por cerca de 60% da energia consumida em Manaus.

Segundo o presidente da Eletrobrás, Luiz Pinguelli Rosa, no último dia 28 de outubro, a El Paso enviou uma carta na qual fala sobre a possibilidade de cancelar o acordo que as duas empresas tinham acertado e faria ameaças veladas de interromper o fornecimento de energia à cidade de Manaus. Como a Eletrobrás não está pagando a El Paso pela energia dessa usina desde janeiro, o que representa uma dívida de R$ 101 milhões, a americana alega falta de recursos para a manutenção dos equipamentos.

– Recebi uma carta furiosa na qual eles (El Paso) dizem que não se responsabilizam por mais nenhum gasto na usina, ou seja, se desobrigam da sua manutenção. Eles fizeram uma ameaça – ressaltou Pinguelli, que, no dia seguinte, enviou uma carta à empresa na qual afirma que ela não pode interromper o fornecimento de energia à cidade.

Pinguelli diz que não há motivos para as ameaças feitas pela empresa, uma vez que ambos tinham chegado a um acordo, que deverá ser aprovado pelo Conselho de Administração da Eletrobrás na reunião marcada para o próximo dia 12.

A Eletrobrás ameaça intervir na usina se houver suspensão do fornecimento de energia.

– Eles que não desliguem aquela usina. Se desligarem a termelétrica, ocupamos militarmente a usina, porque esta é uma questão de segurança -ameaçou Pinguelli.

Por intermédio de sua assessoria, o vice-presidente da El Paso, Roberto Almeida, garantiu que a empresa não ameaçou suspender o fornecimento de energia a Manaus. Segundo o executivo, a empresa apenas alertou a estatal sobre a possibilidade de falha no sistema por problemas de manutenção dos equipamentos. Segundo a El Paso, a falta de pagamento da Eletrobrás acarreta sérios problemas para que a El Paso faça a manutenção de suas usinas.

O contrato da El Paso Amazonas com a Manaus Energia venceu dia 15 de janeiro último. A El Paso, na ocasião, entendeu que ele continuava em vigor e queria R$ 67 por megawatt/hora (MWh).

Depois de difíceis negociações no início de outubro, as duas empresas chegaram a um acordo. A Eletrobrás aceita pagar R$ 62,71 o MWh no prazo de um ano. A El Paso se compromete a quitar sua dívida com a Manaus Energia, e a Eletrobrás aceita pagar suas dívidas junto à El Paso em cinco parcelas. Mas tudo depende da aprovação do conselho.

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