Diretor do BC contesta bolha no mercado imobiliário

O diretor de assuntos internacionais e regulação do sistema financeiro do Banco Central (BC), Luiz Awazu Pereira, rechaçou hoje a hipótese de o recente crescimento do mercado imobiliário brasileiro gerar uma situação de bolha e consequentemente uma crise, exatamente como nos países desenvolvidos nos últimos anos. “Temos peculiaridades em relação a essas economias”, afirmou durante sua participação no seminário sobre crédito imobiliário promovido pela Cetip.

Para o diretor, três motivos explicam a diferença de perspectiva para o mercado brasileiro em relação a outros países. A primeira diferença está na pequena base de comparação do mercado nacional. Como o setor sempre foi pequeno no Brasil, mesmo com a expressiva expansão registrada nos últimos anos, o financiamento imobiliário ainda representa uma fatia pequena em relação ao PIB, confrontado a outros países.

O segundo fator está no arcabouço do setor no Brasil, que, para o diretor do BC, é “forte” e apresenta “robusta” fiscalização. Esse padrão, segundo ele, não é necessariamente visto em todos os mercados.O terceiro aspecto está no mercado de derivativos, segmento que alavancou o desenvolvimento do mercado imobiliário nas economias maduras do Hemisfério Norte. No Brasil, lembrou Awazu, esse mercado, em especial nas operações ligadas ao setor imobiliário, é menos desenvolvido quando comparado a outros mercados.

Awazu lembrou ainda a necessidade de o País desenvolver fontes alternativas de funding à caderneta de poupança para viabilizar o crescimento da oferta de financiamento de imóveis. “Nosso objetivo é o crescimento do crédito imobiliário com segurança”, disse, destacando a importância de se buscar a redução do déficit habitacional do País.

Segundo ele, o Banco Central tem buscado contribuir com esse processo por meio de uma regulação que estimule a securitização de recebíveis, mas com segurança, para evitar situações como a dos Estados Unidos, onde o processo de securitização sem controle levou à crise de 2008. O diretor também disse que o BC apoia a criação de índices de preços de imóveis que permitam um melhor acompanhamento do setor e também melhor alocação de recursos pelo setor privado.

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