São Paulo – O ano de 2003 deve terminar com um recorde na devolução de cheques sem fundos. O volume de devoluções nos primeiros nove meses do ano é o maior desde 1991, segundo pesquisa divulgada nesta quinta-feira pela Serasa. De janeiro a setembro, foram devolvidos 15,7 cheques a cada mil compensados, um número 12,1% acima do registrado em igual período de 2002. Nos últimos dois meses – agosto e setembro – o indicador mostra queda em relação ao mês anterior e a Serasa espera uma redução mais acentuada da inadimplência em novembro e dezembro, mas a queda será insuficiente para evitar que o recorde seja alcançado. Ou seja, a redução do juro de junho para cá e o início do reaquecimento econômico que se nota, ocorreram tarde demais para mudar o patamar de endividamento da população.
Carlos Henrique de Almeida, economista da Serasa, estima que, em média, serão devolvidos neste segundo semestre perto de 14,8 cheques a cada mil compensados. No primeiro semestre, foram 15,7 a cada mil. A média de todo o ano de 2002 foi de 13,6 cheques. Cheques são o segundo meio de pagamento mais usado pelos brasileiros, atrás apenas do dinheiro.
São, também, o principal mecanismo de financiamento do País para o consumidor, por meio dos pré-datados. Nada menos do que 36% das dívidas não pagas nos primeiros nove meses do ano foram feitas com o uso de cheque, pré-datado ou à vista, com valor médio de R$ 378,36. Almeida lembra que os pré-datados começaram a ser usados para financiar o consumidor depois do Plano Real, implantado em 1994. A partir de 1997, o sistema ganhou fôlego e dominou o mercado.
Em setembro, pelo segundo mês consecutivo, os cheques sem fundos diminuíram se comparados ao mês anterior. Foram devolvidos 14,7 cheques a cada mil compensados, 5,2% em relação a agosto.