Despesas com pagamento de juros da dívida são as mais elevadas da série, diz BC

As despesas do governo federal com os pagamentos dos juros da dívida em setembro, que somaram R$ 69,9 bilhões, foram as maiores da série histórica para o mês. De acordo com o chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Túlio Maciel, a desvalorização cambial de quase 9% no mês de setembro, ao mesmo tempo que teve influência sobre as operações de swap cambial, gerou impacto favorável sobre a dívida. “O efeito disso sobre as reservas internacionais supera largamente o impacto sobre os swaps”, afirmou. “No ano, a cada um real de perda nas operações de swap tem um ganho de três reais em valorização das reservas internacionais”. Em 12 meses, os gastos com juros alcançaram 8,89% do PIB, o mais elevado desde novembro de 2003.

O representante do BC afirmou ainda que a diferença de gastos com juros de agosto para setembro foi motivada basicamente pelas operações de swap cambial. “Praticamente toda a diferença de agosto para setembro nas despesas de juros podem ser atribuídas às operações de swap”, disse, ao afirmar que esses gastos foram de R$ 16,2 bilhões em agosto e R$ 38,6 bilhões no mês passado.

Segundo o chefe de departamento do BC, o ajuste cambial foi responsável também por uma redução de R$ 101,7 bilhões da dívida líquida no mês passado, a maior entre todos os fatores condicionantes da dívida. Só esta variável foi responsável pela redução de 1,8 ponto porcentual.

Em outubro, Maciel estima que a dívida líquida do governo aumentará para 34,1% do Produto Interno Bruto (PIB) – em setembro, estava em 33,2% e em agosto, 33,7%. Esse aumento de quase um ponto porcentual, segundo ele, deve-se à variação do dólar vista até agora, que teve uma expansão menor do que a vista de agosto para setembro.

No caso da dívida bruta, a projeção do BC é de uma taxa de 66,5% em relação ao PIB este mês. Além do dólar, Maciel citou como influência o comportamento da inflação.

Maciel disse também que o déficit nominal de setembro foi o maior para todos os meses da série histórica do BC, que tem início em dezembro de 2001. A taxa de 9,34% de déficit nominal em 12 meses em relação ao PIB também é a maior da série.

Estados e municípios

O representante do BC disse ainda que o resultado primário superavitário dos governos regionais em setembro, de R$ 415 milhões, teve como causa o menor ritmo de despesas dos Estados e municípios em decorrência do atual cenário de atividade econômica.

Outro motivo seria o realinhamento tarifário promovido pelo governo, que trouxe ganhos de arrecadação aos entes federativos. “A despeito do ciclo de atividade, que também impacta a receita dos Estados e municípios, esse impacto foi atenuado por aumento das tarifas de energia elétrica, que traz arrecadação aos Estados, e também de combustíveis”, explicou.

Segundo Maciel, no ano passado foram observadas novas contratações e empréstimos dos governos estaduais, devido à abertura de critérios de endividamento. “Neste ano estamos com ritmo de despesas menor”, disse.

Voltar ao topo