Desenvolvimento do País não chega à área do social

Rio

  – O Brasil ainda tem uma longa estrada a percorrer para se igualar aos 53 países com os mais altos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH). E não se trata apenas de aumentar a renda per capita, melhorar os indicadores de educação básica e aumentar sua expectativa de vida. Uma análise mais apurada sobre o desempenho das nações desenvolvidas mostra que o país esconde barreiras ainda mais sérias nas áreas social, econômica e tecnológica.

O Brasil ocupa a 73.ª posição no ranking de desenvolvimento humano, que tem a Noruega como líder e Serra Leoa como lanterna, na 173a. José Carlos Libânio, assessor para o Desenvolvimento Sustentável do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), assinala que o país ganharia 13 posições na comparação por renda, mas perderia outras 13 se o critério fosse educação e 30 se fosse considerada a longevidade da população.

? O Brasil, em tese, é melhor em produzir riqueza do que em dar condições de vida aos habitantes ? diz Libânio.

A população brasileira vive em média dez anos menos que a das nações de alto desenvolvimento, uma conseqüência do acesso limitado ao abastecimento de água, saneamento básico e remédios. Enquanto nos países desenvolvidos os gastos públicos com saúde passam de 5% do Produto Interno Bruto (PIB), no Brasil os desembolsos estão em 2,9%.

? O indicador de saneamento está defasado em relação a outros países da América Latina. O investimento nessa área melhora, por exemplo, o de mortalidade infantil. É preciso ser mais eficiente no serviço público, focar na parcela da população que se encontra na miséria ? diz o economista Carlos Langoni, ex-presidente do Banco Central e autor de um dos primeiros estudos sobre a má distribuição no país, ainda nos anos 70.

A proporção de crianças mortas no primeiro ano de vida é 32 em cada mil no Brasil, contra sete na elite do desenvolvimento. O percentual de habitantes infectados com o HIV é quase o dobro por aqui.

Na educação, os indicadores são menos díspares: os gastos em relação ao PIB chegam a 5,1% e variam de 3% a 8% nos demais. A proporção de adultos alfabetizados é de 85,2% contra 99%, respectivamente.

O abismo econômico e tecnológico, contudo, é imenso. Aqui, 50% das exportações são de produtos manufaturados, enquanto a média dos 53 países é de 82%. E na economias mais ricas há, proporcionalmente, 17 vezes mais cientistas e engenheiros trabalhando em pesquisa e desenvolvimento que no Brasil. Não falta estrada pela frente.

Avanço tímido

O Brasil avançou oito posições no ranking do desenvolvimento humano nos anos 90, um desempenho suficiente apenas para mantê-lo entre as nações de médias condições de vida. Na semana passada, a ONU divulgou o relatório 2002, com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 173 países.

O IDH combina renda per capita, expectativa de vida, taxa de escolaridade e proporção de adultos alfabetizados. O país evoluiu em educação, saúde e saneamento, mas ainda tem o pior desempenho da América Latina.

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