Desemprego sobe e atinge 2,7 milhões de pessoas

O desemprego atingiu 12,8% da população economicamente ativa das seis maiores regiões metropolitanas do Brasil em março, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Essa é a maior taxa desde outubro do ano passado, quando o desemprego havia ficado em 12,9%. Em fevereiro deste ano, a taxa estava em 12%.

A maior taxa já registrada pelo instituto desde o início da pesquisa, em outubro de 2001, foi de 13% em junho e agosto do ano passado.

O total de desempregados somou em março deste ano 2,7 milhões de pessoas – 211 mil a mais em relação ao mesmo mês do ano passado.

No primeiro trimestre deste ano, a taxa média de desemprego ficou em 12,2% – acima do registrado no mesmo período do ano passado (11,6%).

A maior taxa de desemprego entre as seis regiões pesquisadas foi registrada em Salvador, onde ficou em 17,1%. São Paulo e Rio de Janeiro apresentaram taxas de 14,6% e 9,8%, respectivamente. As outras regiões pesquisadas são: Recife (12,6%), Belo Horizonte (12,1%) e Porto Alegre (9,6%).

As mulheres ainda são a maior parte no total de desempregados no País, com 56,4% desse contingente.

Frustração

O aumento do desemprego em março, segundo dados do IBGE, foi resultado da frustração dos empresários com o corte de juros pelo governo. Para o gerente da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, Cimar Pereira, os empregadores deixaram de abrir vagas em razão de uma quebra de expectativa. Enquanto isso, a procura por emprego aumentou.

“O processo de queda de juros não aconteceu como esperado pelos investidores”, disse. Na sua avaliação, o quadro do mercado de trabalho “não é nem de longe favorável”, embora considere positiva a recuperação da renda média do trabalhador.

Depois de reduzir a taxa básica de juros em dez pontos percentuais até dezembro de 2003, o Banco Central manteve a Selic inalterada em janeiro e fevereiro, contrariando a expectativa do mercado. A queda só foi retomada em março e abril, quando houve um corte de 0,25 ponto percentual em cada mês, para 16% ao ano.

“Não há um cenário favorável à abertura de vagas. Se esperava um aumento na taxa de desocupação, mas não nesse patamar. Foi uma taxa que só foi vista em maio do ano passado”, disse.

A taxa de desemprego ficou em 12,8% em março – a maior desde outubro passado (12,9%) – na média das seis maiores regiões metropolitanas do País. Em fevereiro, havia registrado 12%.

O aumento da taxa deveu-se à alta no contingente de pessoas desempregadas que estavam procurando emprego. Este grupo cresceu 8,1% de fevereiro para março e significou a entrada de mais 203 mil desempregados no mercado de trabalho. No total, as seis maiores metrópoles brasileiras registraram 2,73 milhões de desempregados procurando por trabalho.

Por outro lado, o número de postos de trabalho cresceu apenas 0,4% – o correspondente a cerca de 81 mil novas vagas. Tal aumento não foi suficiente para absorver a força de trabalho disponível.

Já a renda do trabalhador vem se recuperando gradualmente, principalmente devido às menores taxas de inflação. Em março, a renda real subiu pelo terceiro mês seguido na comparação com o mês anterior, com alta de 1,4%.

Quando se compara com a renda recebida no mesmo mês do ano anterior, o IBGE apurou uma desaceleração da queda há cinco meses seguidos. A renda caiu 2,4% em março deste ano em relação a março do ano passado. O percentual mostra uma melhora no cenário desde novembro, quando a queda na renda foi de 13%, nessa mesma comparação.

Renda média caiu 2,4%

A renda média do trabalhador das seis regiões metropolitanas do País caiu 2,4% em março na comparação com março de 2003. Em relação a fevereiro, a renda registrou alta de 1,4%. Os dados são do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Em termos nominais, a renda média recebida foi de R$ 873,90, o equivalente a 3,6 salários mínimos. Os empregados sem carteira de trabalho assinada registraram a maior queda de renda em relação a março do ano passado, de 4,3%. Já os trabalhadores com registro em carteira tiveram uma queda de 0,5%. A renda dos trabalhadores por conta própria cresceu 2,7%, após vários meses em queda.

Em relação a fevereiro, no entanto, foi apurado aumento em todas as categorias de ocupação: trabalhadores por conta própria (4%), empregados sem carteira assinada (1%) e empregados com registro em carteira (0,2%).

Situação confirma “desastre econômico”

A Força Sindical, em nota divulgada ontem, acusou o governo de apresentar um “desastre econômico”, ao analisar a taxa de desemprego de março, de 12,8%, divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). “Este é o resultado de uma política econômica liderada por tecnocratas insensíveis aos problemas do nosso País, que acaba minando qualquer expectativa de desenvolvimento social. Estamos presenciando um governo em estado de letargia, voltado apenas para os interesses dos especuladores”, diz a nota.

Segundo a Força Sindical, “não há explicação” para a alta de 203 mil pessoas no contingente de desempregados de fevereiro para março nem para o aumento de 211 mil no número de desempregados quando se compara com março do ano passado.

“Que explicação o presidente Lula dará desta vez? Parece que esses sinais não estão sensibilizando o governo”, diz a nota, assinada pelo presidente da central sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho.

Para a Força Sindical, somente um corte substancial na taxa de juros combinada à revisão para baixo da meta de superávit primário do governo vai proporcionar crescimento econômico, com aumento de produção e de emprego.

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