Descoberta de reserva de gás vem em boa hora

São Paulo – A descoberta anunciada pela Petrobras da maior reserva nacional de gás natural, com um armazenamento de 70 bilhões de metros cúbicos, é “promissora, formidável e estratégica”, no momento em que o governo brasileiro tenta renegociar com a Bolívia os contratos de compra do insumo. A análise é do presidente da Associação Brasileira de Infra-Estrutura e Indústrias de Base (Abdib), José Augusto Marques, que projeta os primeiros resultados da nova descoberta para um prazo de dois anos.

“É uma notícia extremamente positiva, principalmente porque as reservas estão situadas próximas ao maior centro de consumo do País”, avalia. De acordo com a Petrobras, as reservas estão localizadas a cerca de 137 quilômetros da costa litorânea do Estado de São Paulo.

Para ele, o anúncio da Petrobras dará um novo tom à renegociação dos contratos de preços e de quantidades de fornecimento do gás da Bolívia. “Sem dúvida esse é um elemento novo da negociação, a ser considerado pelo governo boliviano”, comenta. “É também positivo para a negociação, apesar de a Petrobras ser a maior investidora e fornecedora do gás trazido da Bolívia”, complementa.

Ao mesmo tempo, o líder empresarial lembra que o próprio governo boliviano se dispôs a revisar valores de contrato de fornecimento do gás natural contanto que houvesse expansão de compra do produto.

“Isso volta a ser o negócio do rabo abanar o cachorro ou o cachorro abana o rabo. O problema do gás natural no Brasil é o preço, cotado em moeda estrangeira. Enquanto o preço permanecer alto, não há como expandir o consumo”, argumenta.

O presidente da Abdib estima que, apenas na região Sudeste do País, de 12 milhões de metros cúbicos por dia a 14 milhões de metros cúbicos por dia podem ser adicionados, em médio prazo, ao consumo atual de 11 milhões de metros cúbicos por dia.

Uso em veículos

Dentro dessa possibilidade de expansão, dados da Petrobras apontam que a nova reserva pode responder por 3 milhões de metros cúbicos por dia. “Precisamos de um programa de incentivos para a expansão da participação do gás na matriz energética”, indica.

Marques aponta os usos industrial, veicular e de co-geração de eletricidade como principais meios para a expansão do gás natural na matriz.

“Por que a frota de transporte público, por exemplo, não utiliza o gás natural veicular (GNV)? É um combustível tão eficiente como os demais, só que com grande ganho ambiental”, sugere.

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