Desafio para os bancos será reduzir os juros

Brasília –  O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse ontem que o grande desafio das instituições financeiras será reduzir o custo do serviço bancário e aumentar o acesso aos serviços financeiros. Para atingir essas metas, os bancos deverão reduzir o spread bancário (diferença entre a taxa de captação e a taxa de juros cobrada do consumidor), segundo Meirelles. Sobre a relação crédito/Produto Interno Bruto, ele afirmou que “não há dúvida de que a tendência é o aumento na concessão de crédito, na medida em que a estabilidade de preços começa a se firmar cada vez mais no Brasil”.

Segundo Meirelles, alguns exemplos já são sentidos, como a consignação de empréstimos na folha de pagamento de trabalhadores do mercado formal e o microcrédito. Para que haja uma expansão da poupança no País, ele considera necessária a adoção de um aparato regulatório. Ele defende a ampliação da concorrência entre as instituições financeiras com regras claras de atuação.

No governo, a pressão para os bancos reduzirem os juros ao consumidor tem sido comandada pelo vice-presidente José Alencar – que se diz em “cruzada contra os juros altos”. Além disso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, empresários e o próprio FMI (Fundo Monetário Internacional) já cobraram dos banqueiros a redução das taxas.

Desconto em folha

De acordo com Meirel-les, as operações de empréstimo com desconto em folha de pagamento e o microcrédito vão contribuir para a expansão do crédito no País. “A estabilidade de preços e a estabilidade macroeconômica vão possibilitar o aumento de crédito”, disse Meirelles.

O presidente do BC participou do 4.º Seminário de Atendimento Bancário promovido pela Febraban (Federação Brasileira de Bancos), em São Paulo.

Às vésperas da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) – que se reúne hoje e amanhã -, Meirelles afirmou que “a boa norma da governança coorporativa” o impede de falar sobre inflação, câmbio, juros e produtividade.

Febraban

O presidente da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), Gabriel Jorge Ferreira, disse ontem que o Banco Central deverá continuar com a sua política de redução de juros básicos. Segundo ele, todas as condições que fizeram o governo reduzir a Selic para 19% ao ano ainda existem.

“A inflação está controlada, a economia mostra uma performance positiva e os especialistas apontam para um crescimento do PIB de 3,5% a 4% para 2004. Há uma grande expectativa favorável sobre o Brasil, fruto da credibilidade do governo e da equipe econômica”, afirmou Ferreira.

Ele comentou que o crédito vem aumentando com as medidas “positivas” de estímulo adotadas pelo governo. Segundo Ferreira, um número grande de pessoas que não tinham inclusão bancária já estão tendo acesso ao crédito, com os programas criados neste ano – o financiamento de eletrodomésticos e o empréstimo com desconto em folha de pagamento, por exemplo.

Para o presidente da Febraban, a relação crédito/PIB pode apresentar um avanço significativo em 2004. Segundo ele, atualmente, essa relação é muito baixa, de 24%, quando o ideal seria permanecer em torno de 45% a 50%. No Chile, disse, essa relação é de 67%.

Mercado espera corte da Selic em um ponto

O mercado aposta que o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central irá mesmo reduzir a taxa básica de juros em 1 ponto percentual nesta semana. Segundo a pesquisa semanal realizada pelo Banco Central junto a consultores e analistas de bancos, a Selic – taxa básica da economia brasileira – deverá ficar em 18% após a reunião do Copom, que anuncia sua decisão sobre a taxa de juros amanhã (quarta-feira).

Para dezembro, no entanto, a pesquisa voltou a registrar uma ligeira alta na sua estimativa para a Selic, passando de 17,32% para 17,34%, taxa também superior à registrada há quatro semanas, quando a expectativa para dezembro era de 17,10%.

O mercado também elevou sua expectativa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) para 2003 e para 2004 e a previsão de superávit para a balança comercial. Segundo dados da pesquisa do BC, a previsão para este ano é de um crescimento de 0,68% do PIB contra 0,66% registrados na semana passada. Já expectativa para o saldo do comércio exterior passou US$ 23 bilhões para US$ 23,13 bilhões neste ano, e de US$ 17 bilhões para US$ 18 bilhões em 2004.

Inflação em queda

Com relação à inflação, houve uma ligeira redução na média para o IPCA do ano, passando de 9,57% para 9,40% de uma semana para a outra. Os outros indicadores de inflação que fazem parte da pesquisa também apresentaram queda na expectativa do mercado para 2003. O IGP-DI passou de 7,74% para 7,64%, o IGP-M de 8,53% para 8,49% e o IPC-Fipe de 8,47% para 8,36%.

A expectativa para os próximos 12 meses também é de queda para todos os índices. A previsão para IPCA para o período, segundo estimativa dos analistas, caiu para 5,93%, contra os 6,01% registrados na semana anterior.

Para o mês de novembro, pela terceira semana consecutiva houve redução na estimativa para a taxa oficial de inflação (IPCA), passando de 0,50% para 0,47% de uma semana para outra.

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