Déficit em conta corrente soma US$ 5,403 bi em abril

A conta de transações correntes do balanço de pagamentos do Brasil com o exterior apresentou déficit de US$ 5,403 bilhões em abril, divulgou nesta quinta-feira o Banco Central. O resultado ficou um pouco acima da previsão de déficit de US$ 5,2 bilhões feita pelo BC em março.

O déficit em conta corrente foi maior do que a mediana prevista pelo AE Projeções, que era de um resultado negativo de US$ 4,150 bilhões, com base em prognósticos que iam de US$ 3,2 bilhões a US$ 6 bilhões.

No acumulado do ano de janeiro a abril, o déficit em conta corrente foi de US$ 17,49 bilhões, o equivalente a 2,05% do PIB. Em 12 meses até abril, o déficit em conta corrente subiu para US$ 51,593 bilhões, o equivalente a 2,04% do PIB. Até março, o déficit em transações correntes estava em US$ 49,789 bilhões (1,98%) do PIB.

O resultado de abril foi pior do que o registrado em março, quando a conta transações correntes foi deficitária em US$ 3,304 bilhões. O desempenho de abril também foi mais desfavorável que o de abril de 2011, quando as transações correntes registraram um saldo negativo de US$ 3,598 bilhões.

Parte desse resultado se deve à remessa de lucros e dividendos realizada por empresas multinacionais instaladas no Brasil, que somou US$ 2,420 bilhões em abril. A transferência do mês passado foi quase a metade de todas as remessas registradas de janeiro a abril, quando o montante alcançou US$ 5,894 bilhões.

O BC também informou que o pagamento de juros em empréstimos contraídos em outros países somou US$ 839 milhões no mês passado. De janeiro a abril, essa despesa alcança US$ 3,287 bilhões.

O relatório mensal das contas externas mostra também que o déficit em viagens internacionais somou US$ 1,251 bilhão em abril. O montante é menor que o registrado em igual mês de 2011, quando a conta do turismo ficou negativa em US$ 1,431 bilhão. De janeiro a abril de 2012, o déficit em viagens internacionais atingiu US$ 4,712 bilhões.

Investimento estrangeiro – O ingresso de Investimento Estrangeiro Direto (IED) no Brasil somou US$ 4,669 bilhões em abril. O resultado ficou abaixo da previsão do BC, que esperava ingresso de US$ 5 bilhões. No acumulado do ano, de janeiro a abril, o ingresso de IED soma US$ 19,608 bilhões, o equivalente a 2,30% do PIB. O IED de abril também ficou dentro das projeções dos analistas, que esperavam resultado entre US$ 4 bilhões e US$ 6 bilhões, mas abaixo da mediana calculada, de US$ 5 bilhões.

Segundo o BC, o resultado de abril para o IED foi inferior ao fluxo destes investimentos em igual mês do ano passado, quando somaram US$ 5,520 bilhões. Os dados do BC, divulgados há pouco, também mostram um recuo do ingresso de IED em relação a março deste ano, quando entraram no País US$ 5,887 bilhões.

Nos 12 meses até abril, o fluxo de IED caiu para US$ 63,213 bilhões, o equivalente a 2,50% do PIB. Segundo os dados do BC, o IED no mês de abril foi composto por US$ 4 bilhões referentes à modalidade participação no capital e US$ 624 milhões em desembolsos líquidos de empréstimos intercompanhias.

Já o investimento estrangeiro em ações brasileiras cresceu US$ 649 milhões em abril. O dado mostra que, apesar da turbulência internacional, os estrangeiros aumentaram sua posição em ativos de renda variável brasileiros. Desse montante, US$ 643 milhões foram destinados às ações negociados no mercado nacional, e US$ 7 milhões foram alocados em recibos de ações brasileiras, como os ADRs. Apesar de positivo, o desempenho das ações brasileiras no mês passado foi inferior ao visto em abril de 2011, quando papéis brasileiros atraíram US$ 1,916 bilhão.

Os estrangeiros também aumentaram sua posição em títulos de renda fixa emitidos no Brasil em US$ 1,139 bilhão. Desse valor, a maior parte, US$ 1,022 bilhão, foi destinada a papéis negociados no exterior e uma fatia menor, de US$ 117 milhões, foi alocada em títulos negociados no Brasil.

No acumulado de janeiro a abril de 2012, o investimento estrangeiro em ações brasileiras cresceu US$ 5,843 bilhões, enquanto as aplicações em títulos de renda fixa avançaram US$ 3,423 bilhões.

Taxa de rolagem – Os dados do BC também mostram que a taxa de rolagem total de empréstimos externos de médio e longo prazo feitos por empresas instaladas no Brasil foi de 70% em abril. A taxa de rolagem de empréstimos diretos no mês ficou em 41%, enquanto a taxa de bônus, notes e commercial papers atingiu 924% em abril.

A dívida externa estimada para o mês de abril pelo BC somou US$ 297,257 bilhões. De acordo com o BC, houve uma redução de US$ 690 milhões em relação a março.