O presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Marcelo Guaranys, afirmou nesta segunda-feira, 7, que conversou com o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, sobre o fim de seu mandato na agência, em 19 de março. Segundo o ele, a Anac ficará sem quórum, uma vez que dois dos cinco diretores estão de saída. “A grande preocupação que a gente está é a falta de quórum para as grandes decisões da agência”, disse.

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Diante disso, o presidente ressaltou que conversou com Barbosa sobre as dificuldades que a agência pode enfrentar para votar questões como as concessões. “Aproveitei a manhã para passar um cenário para o ministro Barbosa”, frisou.

Sobre a concessão dos aeroportos de Fortaleza, Salvador, Florianópolis e Porto Alegre, o Guaranys afirmou que está esperando os estudos do Tribunal de Contas da União (TCU), mas que o governo espera conceder todos os aeroportos juntos. “Estamos aguardando a aprovação deles para colocar os contratos em consulta pública”, afirmou.

De acordo com Guaranys, há interesse nas concessões e mesmo com o porte menor dos aeroportos se comparados a Brasília e ao aeroporto do Galeão, no Rio, os projetos são boas oportunidades de entrada. “A gente sabe que tem gente interessada em participar”, afirmou.

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Questionado sobre a influência da crise política nas concessões, o presidente da Anac ponderou que os projetos são de longo prazo e que “os problemas conjunturais que estamos vivendo não devem afugentar (o investidor) para projetos de tanto tempo”. “O setor continua sendo atrativo e temos capacidade de crescimento”, frisou.

O presidente da Anac é funcionário do Tesouro Nacional e afirmou que voltará para o Ministério da Fazenda ao fim do seu mandato na Agência. Ele frisou, no entanto, que pretende tirar um período de férias após sua saída da agência.

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Fatia de estrangeiras

Guaranys ressaltou que a maior participação de estrangeiros nas aéreas não precisa de regulamentação e destacou que a medida é importante para ampliar a concorrência e diminuir os custos. “Vemos com muito louvor a entrada maior dos estrangeiros (no capital das empresas do País)”, frisou, ao comentar a Medida Provisória editada na semana passada que permite que investidores de fora do Brasil tenham até 49% de participação em empresas aéreas domésticas. Antes, esse limite era de 20%.

Ele disse ainda que há a possibilidade de aumentar o porcentual para 100% através de negociações bilaterais, mas ressaltou que ainda não há nenhuma conversa em andamento. A medida poderia abrir espaço para LAN e Avianca, por exemplo. “Podemos começar a pensar e receber propostas de outros países”, destacou.

Sobre a liberação de companhias estrangeiras para trabalhar no Brasil, o atual presidente da Anac descartou a possibilidade. “A empresa precisa seguir uma série de normas, as empresas precisam ser registradas no Brasil”, disse. O presidente ressaltou que o aumento de 20% para 49% da participação estrangeira já é um grande avanço.

Viracopos

O presidente da Anac reafirmou que o consórcio responsável pelo aeroporto de Viracopos será penalizado por não entregar uma parte das obras que estavam previstas para antes da Copa do Mundo. Guaranys destacou que a área técnica está calculando a multa que a concessionária receberá. O valor integral pode chegar a R$ 170 milhões, mas é preciso calcular o que já foi entregue. “O contrato prevê uma multa de 1/100 por não entregar alguma coisa. Por isso, é mais difícil, porque eles foram entregando coisas durante o tempo”, destacou.

De acordo com Guaranys, o contrato previa que o aeroporto fosse entregue antes da Copa do Mundo de 2014 e justificou a demora nos cálculos de definição da multa como forma de garantir segurança jurídica à medida. “Sem segurança jurídica, a multa pode ser derrubada judicialmente”, avaliou.

Com os problemas envolvendo operação Lava Jato, Guaranys evitou relacionar o atraso das entregas Às questões jurídicas enfrentados pelas empresas que participam do consórcio. “De fato, eles tiveram problemas financeiros. Todo mundo teve restrição de crédito e eles também, mas antes da Lava-Jato acontecer eles já tinham atraso no cronograma”, disse. Fazem parte do consórcio do aeroporto de Viracopos a UTC e a Triunfo, além do grupo francês Egis.