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Dados contraditórios dificultam determinar saída da recessão, diz FGV

Os dados de abril do Monitor do PIB do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) mostram sinais contraditórios sobre a atividade econômica. A avaliação é do coordenador do Monitor do PIB da FGV, Claudio Considera. Segundo o pesquisador, a contradição está no fato de o indicador ter apontado crescimento do PIB de 0,42%, na passagem de março para abril, e queda de 1,3%, na comparação de abril com igual mês de 2016.

Com isso, é difícil determinar a saída da recessão. “Há sinais se contradizendo o tempo todo. Os dados não mostram nem que a economia está de fato saindo da recessão nem que a economia voltou a retrair”, disse Considera.

A queda de 1,3% em relação a abril de 2016 significa recrudescimento, já que, em março, o Monitor do PIB apontara crescimento de 0,2% em relação ao terceiro mês do ano passado. Com isso, na taxa trimestral móvel, o PIB de fevereiro a abril teve queda de 0,8% em relação a igual trimestre móvel de 2016. No primeiro trimestre de 2017, a queda ante os três primeiros meses de 2016 havia sido de 0,4%.

Essa queda é preocupante, segundo Considera, porque, desde setembro de 2016, a taxa da média móvel trimestral vinha reduzindo a queda na comparação com iguais períodos do ano anterior. Para piorar, não há efeito de base de comparação que justifique a queda. O desempenho no trimestre móvel de fevereiro a abril de 2016 já havia sido ruim, com queda 4,7% ante igual período do ano anterior.

Para Considera, a contradição nos dados de abril corrobora a projeção do Ibre/FGV, a cargo da equipe do Boletim Macro, que estima retração no PIB do segundo trimestre em relação aos três primeiros meses do ano. O pesquisador da FGV chamou atenção para o fato de, em abril ante abril de 2016, ter havido queda em todas as atividades, à exceção de agropecuária (+11,5%), extrativa mineral (+4,4%) e comércio (+1,4%).

Além disso, os sinais para o resto do segundo trimestre não são bons, principalmente diante do aprofundamento da crise política, após a revelação do acordo de delação premiada firmado entre o Ministério Público Federal (MPF) e executivos do frigorífico JBS, que atingiu o presidente Michel Temer. “Sem resolver essa crise política, o País não consegue fazer as reformas, nem dar um sinal claro na política fiscal”, disse Considera.

O Monitor do PIB procura antecipar a tendência do principal índice da economia a partir das mesmas fontes de dados e metodologia empregadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo cálculo oficial das Contas Nacionais.

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