Curitiba vai ser o pólo nacional para o desenvolvimento do projeto do biodiesel no Brasil. O Instituto de Tecnologia do Paraná Tecpar foi escolhido pelo Ministério de Ciência e Tecnologia como base de implantação do Probiodiesel Programa Brasileiro de Biocombustíveis, com ênfase para o biodiesel, o óleo vegetal modificado para fins combustíveis. A iniciativa partiu da Secretaria de Políticas Tecnológicas Empresarias do MCT, em reunião com representantes de institutos nacionais de pesquisa tecnológica e da Associação Brasileira dos Produtores de Óleos Vegetais.
Como o Cerbio Centro de Referencia (Nacional) para Biocombustíveis do MCT está centrado no Tecpar, o ministério já designou recursos iniciais de R$ 1,8 milhão para a decolagem do projeto e do adiantamento de R$ 800 mil o instituto já encaminhou a aquisição de parte dos equipamentos especializados, conforme anunciou o professor José Domingos Fontana, Diretor Técnico do Tecpar. “O consumo anual de diesel (nacional mais importado) é de 36 bilhões de litros, duas vezes e meia a produção do álcool de cana. A adição deste ao diesel, paralelamente à substituição de uma parcela de diesel por biodiesel são temas momentosos e aconselháveis para o Brasil. Aditivos especiais, como o AEP102, tal qual o biodiesel também preparado quimicamente a partir do óleo de soja, já industrialmente disponível pelo Ecomat, de Mato Grosso, permitem outras formulações muito mais seguras e eficientes do que o muito praticado “rabo-de-galo?, misturas empíricas e liberais a gosto de cada um que abastece seu veículo” – explica Fontana, que representou o Tecpar na reunião em Brasília, acompanhado dos especialistas do Cerbio, José Carlos Laurindo e Edilson Bernardim de Andrade.
Alternativas
Paralelamente ao biodiesel, a concepção Cerbio/Tecpar abriga outros biocombustíveis, como gás natural (metano), hidrogênio e o próprio etanol, um bioaditivo vantajoso para o diesel convencional. Vários países vêm investindo pesado na produção e viabilização comercial do biodiesel, através de unidades de produção com diferentes capacidades, distribuídas particularmente na Europa (Áustria, Alemanha e Itália), na América do Norte (Estados Unidos) e na Ásia (Japão). Dentre as matérias-primas mais utilizadas figuram os óleos de soja e de canola e alguns tipos de óleos de fritura, como aqueles derivados do processamento industrial de alimentos para refeições industriais.
Além das vantagens econômicas, a utilização do biodiesel também é menos agressiva ao meio ambiente. “Como o diesel de petróleo tem uma carga natural de poluentes muito mais acentuada do que a da gasolina, os benefícios da simples adição de apenas cinco a oito partes de etanol ao diesel (25% de redução da poluição já comprovados na gasolina quando aditivada com álcool) se reproduzem e a adoção do biodiesel como tal é ambientalmente limpa no tocante à emissão veicular” esclarece José Domingos Fontana.
Óleo de fritura é combustível
O emprego de óleo de fritura usado, depois de passar por um processo de transformação, é uma excelente opção de combustível alternativo. A pesquisa foi feita pelo professor de Termodinâncica, do Centro Federal de Educação Tecnológica, Ivan Rabelo. Ele concluiu que o óleo torna-se muito semelhante ao diesel em termos de viscosidade e de poder calorífico ao sofrer uma transformação química, convertendo-se em biodiesel. Além disso, é menos poluente.
De acordo com o professor, o processo consiste na mistura do óleo mais álcool anidro em um catalisador. Da reação química surge o biodiesel. Desse material obtém-se ainda 20% de glicerina, cujo sub-produto é utilizado na fabricação de sabão. Rabelo destacou que o biodiesel não apresenta diferença significativa de consumo em relação ao diesel, porém, os testes com o produto apresentaram um pequena queda na potência do motor. “Mas uma das principais vantagens é a redução no nível de poluentes”, disse, sendo inclusive uma alternativa para o destino final dos óleos usados, que hoje acabam sendo despejados na natureza e poluindo os rios.