Curitiba lidera maior alta da inflação em quinze meses

A inflação medida pelo IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15) subiu para 0,93% em julho, segundo dados divulgados ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Trata-se da maior alta desde abril do ano passado. Em junho, o indicador havia registrado variação de 0,56%. Entre as 11 áreas pesquisadas pelo IBGE, a maior inflação em julho foi apurada em Curitiba (1,35%). Fortaleza registrou a menor taxa, de 0,29%. No ano, o IPCA-15 acumula alta de 6,07% na capital paranaense e 4,30% na média nacional.

Entre os produtos que puxaram para cima a inflação de julho em Curitiba, destaque para a energia elétrica residencial, que subiu 4,85% no dia 24 de junho. “O aumento da tarifa de energia elétrica depende do calendário de cada distribuidora. No caso da Copel, o impacto está sendo bastante acentuado em julho”, explicou o supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos no Paraná (Dieese-PR), Cid Cordeiro.

Outros setores que registraram alta acentuada foram alimentação e bebidas -aumento de 1,32% em Curitiba e 0,91% na média nacional – e vestuário – 1,37% contra 1,08% no País -, principalmente em função do inverno mais rigoroso. A farinha de trigo subiu em Curitiba 6,63% e, na média nacional, 3,93%. Além disso, produtos ?in natura? como verduras e legumes tiveram aumento, especialmente por conta do clima. As altas mais significativas foram verificadas nos itens pepino (24,80%), pimentão (75,92%), cebola (23,40%) e repolho (28,67%). Na média nacional, esses produtos não subiram mais do que 16%. Também as frutas ajudaram na alta do setor: registraram aumento de 0,71% em Curitiba, contra a queda de 7,63% no País.

O setor de combustível e energia também contribuiu para a alta da inflação. Em Curitiba, o setor registrou aumento de 3,27%, contra a variação positiva de 0,56% na média nacional. A gasolina subiu 6,14% e o álcool, 10,53%. No desempenho nacional, os índices ficaram bem abaixo: variação de 5,64% e 7,11%, respectivamente. Para Cid Cordeiro, pode estar havendo aumento da margem de lucro por parte dos donos de postos de combustível. Em junho, conforme levantamento do Dieese em 16 capitais, Curitiba ocupava a 13.ª posição no ranking de margem de lucro – uma das menores no País.

De acordo com Cordeiro, o IPCA-15 ficou dentro do estimado, que era de 0,8% a 0,9%. “Acabou ficando na banda mais alta do esperado”, afirmou. Segundo ele, o IPCA deve ser encerrado no mês próximo a 1%.

Metas de inflação

O IPCA-15 é um indicador que antecipa a tendência da inflação oficial do governo medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). O dois indicadores diferem somente no que diz respeito ao período de coleta dos preços. O IPCA é calculado com base em preços apurados durante todo o mês de referência, enquanto o IPCA-15 tem seus preços coletados entre a segunda quinzena do mês anterior e a primeira quinzena do mês de referência.

Os dois índices apuram a inflação para as famílias com renda até 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte, e abrangem as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e Goiânia.

A meta de inflação fixada pelo governo para 2004 é de 5,5%, com a possibilidade de oscilar 2,5 pontos percentuais para cima ou para baixo. Em junho, o IPCA – índice oficial do governo – registrou alta de 0,71%, acumulando taxa de 3,48% no primeiro semestre do ano.

Para 2005 e 2006, as metas de inflação foram estipuladas em 4,5%. No entanto, em 2005 a taxa pode atingir o teto de 7% e, em 2006, não pode superar os 6,5%.

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