Crise será foco da Cimeira Brasil-União Européia

A crise financeira internacional irá nortear as discussões da Segunda Cimeira Brasil-União Européia, segunda-feira e terça-feira no Rio, frisou o presidente da Comissão Européia (CE) José Manuel Durão Barroso. Em entrevista no Rio, no Copacabana Palace, onde será realizado o evento, ele afirmou que a resposta para a crise tem de ser global. “Ninguém pode pretender estar totalmente a salvo dessa crise. Ou nadamos juntos ou nos afogamos juntos”, afirmou Barroso, acrescentando que o encontro de cúpula deverá também se dedicar ao salvamento da Rodada Doha, para definição de novas relações comerciais entre os países.

O diplomata acredita que a crise pode criar boas oportunidades para o sucesso de Doha. Em sua avaliação, os países podem estar mais dispostos a dialogar e discutir concessões para incrementar o comércio internacional. “Quero acreditar que essa crise pode trazer oportunidades. Esta crise nos mostrou que estamos muito interdependentes. Por isso penso que podemos ter sucesso na Rodada Doha”, avaliou Barroso.

A Cimeira reunirá no Rio os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da França Nicolas Sarkozy. Na pauta, estão acordos de cooperação na área de Ciência e Tecnologia, e Desenvolvimento Humano e Sustentável. Na área de energia, Brasil e Portugal assinarão parceria científica para o setor de biocombustíveis em que cada uma das partes se comprometerá a investir quatro milhões de euros.

A chegada de Sarkozy ao Brasil está prevista para as 8 horas de amanhã. Ele virá acompanhado da primeira-dama, Carla Bruni, e será recepcionado na Base Aérea do Galeão pelo governador do Rio, Sérgio Cabral, e o prefeito eleito, Eduardo Paes. Paralelamente à Cimeira, será também realizado no Copacabana Palace encontro que reunirá empresários nacionais e estrangeiros.

O presidente da Comissão Européia destacou que 25% das exportações brasileiras são feitas para a União Européia e que o Brasil recebeu mais investimentos dos países europeus que as demais nações do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) juntas. “O Brasil tem uma participação cada vez maior na estrutura da economia mundial e pode ajudar na cooperação Norte-Sul”, avaliou Barroso.

No que diz respeito às relações Brasil-Portugal, Barroso afirmou que os dois países devem aproveitar seus laços estratégicos para incrementar o comércio. Ele afirmou também que foi um dos primeiros a defender publicamente a indicação do Brasil para que o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), desejo que já foi expresso pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “O problema não está na indicação do nome do Brasil. O problema é que não existe um consenso entre os países membros do Conselho de que seja necessária uma reforma”, acrescentou ele.

Em relação ao risco de um endurecimento das regras de imigração por parte dos países europeus, que já sofreram algumas alterações este ano, José Manuel Durão Barroso afirmou que houve uma interpretação equivocada por parte de alguns países da América Latina. “Somos 27 países e estamos unificando as regras de imigração. Não houve um endurecimento, mas uma unificação. Queremos incentivar a imigração legal. Queremos coibir a imigração ilegal, que, em alguns casos, tem a participação de grupos criminosos”, defendeu ele.