Crise não justifica concentração de mercado, diz Cade

O presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Arthur Badin, alertou nesta segunda-feira (23) que a crise não deve ser pretexto para incentivar concentrações setoriais que prejudiquem os consumidores. Em entrevista após palestra em evento da Câmara Americana de Comércio (Amcham), Badin não quis comentar a possibilidade de fusão entre as empresas Perdigão e Sadia e qual será a atuação do Cade caso o negócio entre as duas gigantes da indústria de alimentos venha a ser confirmado. “Não é muito confortável eu me manifestar sobre uma operação que vai ser avaliada no Cade, porque pode ser que a operação seja considerada meritória ou não”, afirmou, acrescentando que “não conheço os dados, não conheço o mercado”.

Antes, em resposta a pergunta de um participante do evento, Badin havia citado a aprovação da reestruturação do setor petroquímico, no ano passado, como exemplo de operação aprovada pelo Cade por causa da necessidade de inserção no mercado internacional, sem perspectiva de elevação de preços que prejudique os consumidores brasileiros. A reestruturação foi realizada com a compra das refinarias e ativos petroquímicos da Ipiranga pelo consórcio formado por Petrobras, Braskem e Ultra.

Badin disse que a crise não pode servir de motivo para iniciativas de protecionismo ou formação de cartéis na economia. Ele citou como exemplo a situação dos Estados Unidos na década de 30, quando empresas fizeram cartéis e deliberaram preços conjuntamente com o argumento de que estariam “salvando” a economia da crise após a quebra de 1929. Ele salientou que essas iniciativas só aprofundaram os problemas americanos naquele momento. “A preocupação é que interesses monopolistas e protegidos por barreiras procurem perpetuar privilégios na crise, é preciso que não incorramos no mesmo erro”, afirmou.

Aeroporto Santos Dumont

O presidente do Cade admitiu hoje que, como consumidor, aprova a decisão da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) de liberar o Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, para voos nacionais de longa distância. “Não estou dizendo que sou favorável à abertura do aeroporto como presidente do Cade, o Conselho pode vir a ser chamado a atuar e qualquer manifestação minha seria preocupante”, disse, acrescentando, porém, que preferia que o voo que tomará nesta tarde para deixar o Rio, em direção a Brasília, partisse do Santos Dumont e não do aeroporto internacional do Galeão. “Como consumidor gostaria de pegar o voo no Santos Dumont”, afirmou.

Badin foi questionado sobre a sua avaliação da polêmica em torno do Santos Dumont porque abriu sua palestra, realizada hoje em evento da Câmara Americana de Comércio, ressaltando que teria que deixar logo o local porque teria que tomar o avião no Galeão. “Se a portaria da Anac (de liberação do aeroporto) estivesse em vigor eu teria mais meia hora com vocês”, disse.

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