Crise já fechou 300 transportadoras

O setor de transporte de cargas está em crise por causa dos sucessivos aumentos de combustíveis e insumos. O Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas do Paraná (Setcepar) estima que cerca de 300 empresas (10% do total) já fecharam as portas no Estado desde novembro do ano passado, quando a situação começou a se agravar. No País, a Associação Nacional do Transporte de Cargas (NTC) calcula que 25% das 42 mil transportadoras (10.500 empresas) já tenha paralisado as atividades.

No Paraná, 90% das 3 mil empresas é de pequeno porte, com até dez caminhões na frota, informa o presidente do Setcepar, Rui Cichella. E são essas as primeiras a serem atingidas pelos constantes aumentos de preços. “De novembro para cá o diesel subiu 43,15%, quando se ouve falar em inflação de 14%. Esses aumentos absurdos dificultam a negociação, já que toda hora o setor está repassassando valores grandes”, comenta Cichella.

Por conta da defasagem do custo do óleo diesel, a NTC prevê repasse de até 17,85% no valor dos fretes nesse mês. Isso sem considerar a possível nova alta do diesel, cuja diferença em relação ao preço internacional chega a 18%. O mercado espera uma elevação de 14% no preço de bomba do diesel, que já subiu mais de 300% desde o início do Plano Real.

“A gente aposta que o governo tenha uma posição diferente na questão das tarifas públicas, que afetam todos os segmentos, começando pela classe pobre e pequenas empresas”, afirma Cichella. “Espero que o Lula tome a rédea das tarifas públicas, não deixando por conta das agências, como já anunciou”. O presidente do Setcepar critica os critérios adotados para aumentar os derivados de petróleo, já o País produz mais de 80% do consumo. “Nos EUA, o combustível é um dos mais baratos do mundo, porque eles subsidiam. Aqui se repassa todo dia, só que os fretes e salários do povo não são vinculados ao dólar”, compara Cichella.

Com os fretes subindo, o movimento vem caindo. “Houve diminuição dos serviços desde o final do ano passado, quando começaram os reajustes significativos”, relata o presidente do Setcepar. De acordo com a ANP, o consumo de combustíveis no Brasil teve queda de 10% no período. “Isso é bastante preocupante, porque o setor, que movimenta mais de 60% das cargas do País, está afogado. A tendência é dificultar cada vez mais a economia”, prevê. Além disso, há a negociação salarial do setor, prevista para primeiro de maio, que também deve pressionar nova revisão dos fretes até o final

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