Crise financeira não mudou regras para financiamento no mercado imobiliário

Apesar da escassez de crédito no mercado, os principais agentes financeiros que trabalham na área imobiliária não fizeram alterações nos juros anuais cobrados de quem contrata financiamento de imóveis. A afirmação foi feita nesta sexta-feira (14) por dirigentes da Caixa Econômica Federal, dos Bancos Real e de Brasília (BRB) e da Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap), que participam do 3º Salão de Imóveis na capital federal.

A Caixa permanece cobrando entre 5,5% e 11,5% de juros sobre os financiamentos, sendo que os imóveis mais baratos pagam taxas mais baixas. O Banco de Brasília, que a partir da próxima semana vai disponibilizar 30 milhões para esses financiamentos, cobra 1,99% de juros ao mês, chegando ao máximo de 10,5% ao ano. No Banco Real, os juros anuais variam entre 9% e 12%, com taxa diferenciada para servidores públicos.

A Terracap vende imóveis e terrenos em Brasília com taxa de 1% ao mês, mas tem cobrado de 3% a 6% no financiamento de terrenos de condomínios que vão para regularização. O juro mais baixo decorre do fato de que os compradores desses terrenos investiram em infra-estrutura em suas áreas, e a valorização dos imóveis, portanto, não se deveu a benfeitorias feitas pelo governo do Distrito Federal (GDF).

O vice-governador do Distrito Federal, Paulo Octávio, disse que o governo espera regularizar dentro de 10 anos todos os imóveis que ainda estão pendentes na capital federal, pois “quanto mais cedo, mais barato ficará para os cofres do GDF”. Ele negou a existência de monopólio no mercado imobiliário da cidade, afirmando que a maior empresa local detém apenas 2% do setor, que congrega 550 empresas e conta, inclusive, com parceria de empresas multinacionais. Isso porque investir no DF “é um bom negócio”, afirmou.

Para o vice-governador, a instalação da Vara de Assuntos Fundiários do Distrito Federal, prevista para dezembro, deverá facilitar as questões mais difíceis que estão pendentes na regularização de terras da capital.

De acordo com Paulo Octávio, 15% dos brasilienses investem em imóveis. Ele ressaltou, porém, que esse número deveria ser muito maior, caso se oferecessem juros mais baixos no financiamento de imóveis para as populações de baixa renda.

O superintendente da Área Imobiliária da Caixa, José Urbano Duarte, afirmou que “a crise é sempre filha da desconfiança”, mas destacou que, no que se refere ao mercado imobiliário, a instituição não mudou quaisquer de suas regras. Duarte acredita que a Caixa deverá fechar o ano com R$ 20 milhões de financiamentos imobiliários, número que deverá ser superado em 2009.

O diretor de Negócios Imobiliários do BRB, Francisco Soares Pereira, disse que o momento de crise financeira torna oportuna a feira imobiliária, que começou hoje no Centro de Convenções de Brasília, pois “o investimento em imóvel é o maior porto seguro”. Pereira qualificou o mercado imobiliário de responsável pela “grande movimentação econômica no Distrito Federal”.

Segundo os organizadores da feira, a expectativa é fechar 10 mil negócios até domingo (16) com a compra e venda de casas, apartamentos e imóveis comerciais.