Agricultura

Crise financeira afetará safra agrícola para 2009

A produção agrícola no Brasil começa a demonstrar sinais de impacto da crise financeira internacional. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a alta dos insumos e a redução do crédito vão afetar a safra de 2009, que deverá ser a menor desde o início da série, em 2002. A informação foi divulgada nesta quinta-feira (6).

“Depois de muitos anos, é a primeira vez que nosso prognóstico é inferior ao do ano anterior, o que denota conseqüências da crise, que já teve impactos importantes nos preços agrícolas”, afirmou o coordenador de Agropecuária do IBGE, Flavio Bolliger.

De acordo com ele, também influenciam nas projeções para a próxima safra o temor dos agricultores de não conseguir vender a produção por um bom preço, principalmente os grãos que têm o preço atrelado ao dólar (commodities) como milho e soja.

“Tem a incerteza do valor da produção na época da venda. Isso faz com que os produtores gastem menos em tecnologia, em insumos”, disse ele. “O produtor não tem certeza de que vai recuperar o investimento feito e acaba reduzindo a produtividade”.

O mercado interno, por outro lado, poderá ter um resultado melhor. Bolliger estima que a produção de arroz e feijão em 2009 supere a colheita de 2008. Devido àa escassez no mercado, ambos os produtos influenciaram a alta da inflação no começo do ano.

“As incertezas de preço estão nos produtos vinculados ao mercado externo. Em relação ao arroz e ao feijão, (os preços) estão bons, inclusive a área e produção prevista para a primeira safra de feijão em 2009 é superior à de 2008”, informou o coordenador de Agropecuária do IBGE, ao lembrar que o feijão sofreu este ano com a estiagem.

A produção agrícola em 2009 deverá ser de 140,8 milhões de toneladas, 3,3% menor que a de 2008. Este ano, a estimativa recorde é de 145,6 milhões de toneladas, a maior safra desde o início das pesquisas, em 1974. “A safra de 2008 foi excepcional. Não pode ser base de comparação. Foi um ano sem problemas climáticos e de crédito abundante”, concluiu.