Crise deixa os bancos mais felizes

Brasília

(AG) – A crise de confiança nos EUA e as incertezas no processo de sucessão presidencial no Brasil vêm deixando o mercado nervoso, empurrando para cima as cotações do dólar, do risco-país e derrubando bolsas. Mas os principais personagens desse tal mercado vão muito bem: os bancos devem aumentar ainda mais seus lucros neste segundo semestre graças, em parte, à própria crise. De acordo com projeções feitas pela ABM Consulting para os lucros das nove maiores instituições financeiras do país, os ganhos dos bancos no primeiro semestre deste ano deverão crescer em média 5,6% em relação aos primeiros seis meses de 2001.

“Estou prevendo que o desempenho do primeiro trimestre se repita no segundo devido à taxa de juros elevada e desvalorização cambial”, afirmou o diretor da ABM e professor da USP, Alberto Borges Matias.

Segundo ele, os bancos estão ganhando mais com a crise graças, sobretudo, à desvalorização do real frente ao dólar, que atingiu 22,58% no primeiro semestre de 2002, e à antecipação do vencimento dos títulos federais. O nervosismo do mercado, provocado e alimentado em grande parte pelos próprios bancos ao especularem com pesquisas eleitorais, obrigou o governo a trocar títulos de vencimento mais longo por prazos mais curtos e a aumentar a remuneração dos papéis.

“Os bancos se antecipam aos acontecimentos se precavendo contra o pior cenário”, diz Luciano Fazio, doDieese.

A maior surpresa dos balanços virá, diz a ABM, do Banco do Brasil, com um lucro de R$ 730 milhões ? mais do que o dobro do obtido no mesmo período de 2001 (R$ 304 milhões). O Bradesco vai lucrar em torno de R$ 1,05 bilhão, contra R$ 1,04 bilhão em 2001; o Unibanco lucrará R$ 502 milhões, ante R$ 430,7 milhões do ano passado, e o ABN Amro Real, R$ 270 milhões, contra R$ 238,4 milhões.

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