Crise afeta produção das montadoras

Muitas vezes considerada carro-chefe na arrancada do crescimento econômico, a indústria automobilística dessa vez está indo a reboque da crise de confiança que abala o País. Os empresários do setor iniciaram o ano com expectativa de aumentar a produção em 5%, mas começam a mudar o discurso. Há quem ache que repetir os dados de 2001, com a fabricação de 1,8 milhão de veículos, já será um bom resultado. Pouca ambição para quem apostava estar no início desta década entre os cinco maiores fabricantes mundiais. O ranking atual coloca a indústria brasileira em 10.º lugar.

As montadoras já vinham operando com elevada ociosidade, mas o quadro se agravou. Levando-se em conta a capacidade instalada – equipamentos e fábrica funcionando com dois ou três turnos de trabalho -, há linhas de montagem utilizando menos de 30% de sua capacidade.

A Mercedes-Benz de Juiz de Fora (MG) foi construída para fabricar 70 mil veículos ao ano. A previsão, entretanto, é de que apenas 9 mil unidades do Classe A e 6 mil do Classe C para exportação sejam fabricados neste ano.

A Ford já tinha no ABC uma fábrica capaz de produzir anualmente 160 mil carros em três turnos, mas está operando somente com um. Recentemente, inaugurou na Bahia uma nova filial com condições de colocar no mercado até 250 mil unidades de produtos da família Amazon. Começou com o mais barato deles, o novo Fiesta – na faixa de R$ 19 mil – e joga todas suas fichas nesse projeto. Juntando os demais modelos da marca, a previsão é de produzir 96 mil automóveis até dezembro.

Erro de cálculo ou otimismo com o futuro, o setor investiu cerca de US$ 20 bilhões nos últimos anos no Brasil e montou estrutura para produzir, hoje, 2,8 milhões de automóveis e comerciais leves. Juntando caminhões e ônibus, a capacidade passa de 3 milhões de veículos.

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