Crescimento dos alimentos orgânicos

Os pequenos agricultores brasileiros vão dominar ainda por um bom tempo a produção de alimentos orgânicos, cultivados sem aditivos químicos. Hoje, eles representam cerca de 70% dos sete mil produtores de hortigranjeiros, cereais, aves e bovinos orgânicos. O filão deve viver um novo boom nesta década: de 2000 a 2002, o valor de produtos desse tipo comercializados saltou de R$ 50 milhões para R$ 200 milhões no país.

Rio (AG) – Mas o potencial do Brasil ainda é imenso. Dos 51 milhões de hectares de lavouras cultivadas, apenas 270 mil (0,5%) são de alimentos produzidos de forma natural, sem defensivos agrícolas ou agrotóxicos, substâncias que podem causar problemas de digestão, como dor de estômago, azia, cefaléias e diarréias.

A atividade envolve 590 projetos de soja, 550 de hortaliças 450 de cafés. As lavouras se concentram na Região Sudeste: 60%. São Paulo fica com 40% (cana-de-açúcar, laranja e hortaliças). O Sul detém 25% e o Nordeste, 8,6%.

– A área de orgânicos plantados no Brasil cresce de 50% a 60% ao ano. O custo é mais alto porque ainda estão se desenvolvendo tecnologias. Se a oferta crescer, o preço pode baixar. Mas os supermercados precisam reduzir as margens, que ainda são altas – explicou Fábio Ramos, consultor da Agrosuisse nas áreas agropecuária e industrial.

O impulso mais forte pode acontecer com o aumento das exportações. As operações de venda para Europa, EUA e Japão se concentram em açúcar refinado, açúcar mascavo, cacau, soja e café.

Na linha de verduras, legumes e frutas, a produção interna ainda não sustenta a venda para o exterior. Mas já há produtores iniciando negociações. Um deles é Roberto Lopes, que se destaca com a produção de caqui e chuchu orgânicos. Sua fazenda em São José do Vale Preto, região serrana do Rio, produz 650 toneladas (além do chuchu e caqui, há brócolis americano, couve-flor, berinjela e abobrinha) e já exportou mudas de caqui para a Venezuela.

A próxima etapa poderá ser a exportação para Europa, Japão e Canadá. Os contatos já foram iniciados, e as primeiras remessas poderão sair em 2004. Hoje, 70% da produção são vendidos na Ceasa.

– Com a oferta maior, os preços poderão cair, o que deve estimular mais o consumo.

Outro que defende a diversificação da produção e do escoamento, até para o exterior, é o ator Marcos Palmeira. Há seis anos ele investe no cultivo de hortaliças e frutas orgânicas na fazenda Vale das Palmeiras, em Teresópolis. A lavoura ecologicamente correta é regada com água tratada e segue a técnica de cultivo rotativo, para não empobrecer a a terra.

– É um projeto de vida mais saudável, e espero que dê frutos em benefício de famílias de todas as classes de renda – explicou o artista-produtor.

Sua produção já é encontrada em lojas do Rio. Na rede Hortifruti, a rúcula é oferecida pelo mesmo preço da convencional, R$ 0,98, e o mesmo ocorre com a alface: R$ 0,98 o pé.

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