Rio – O último trimestre do ano reserva desafios similares para as economias brasileira e norte-americana. O período, que é sazonalmente marcado por um crescimento no consumo, na visão dos especialistas, será o grande teste do fôlego que as duas economias devem ter em 2004. “O dilema dos dois países é o mesmo: crescimento. Este trimestre representa um momento de potencial retomada para ambos. Se isso não acontecer agora, diminuem as chances de que consigam reerguer-se no ano que vem”, diz Paulo Cintra, analista da consultoria Global Invest.

Ele acredita que o processo de retomada da gigante economia norte-americana deve acontecer em ritmo mais lento que no Brasil. Aqui, a desaceleração abrupta deve abrir espaço para um crescimento mais rápido, pegando carona na forte demanda reprimida. “A palavra-chave é confiança. Recuperamos a nossa com a correta condução macroeconômica, mas esse ainda é um sonho distante nos EUA”, diz. Os investidores se retraíram após a série de escândalos corporativos. Essa confiança precisa ser retomada para ativar o processo de expansão econômica.

Mário Mesquita, economista-chefe do banco ABN Amro, projeta para 2004 crescimento idêntico para Brasil e Estados Unidos: 3,8%. A médio prazo, porém, o primeiro deve ter crescimento mais acelerado. “A teoria econômica sugere que num país emergente como o Brasil, com renda mais baixa e amplo espaço para crescer, a retomada aconteça mais rapidamente, especialmente com a incorporação do setor informal ao formal, o que traz um ganho de produtividade que não acontece nos EUA”, avalia.

Sandra Utsumi, economista do Espírito Santo Investment, também acredita que o Brasil leva vantagem sobre os EUA: “Lá, as taxas de juros estão em 1% ao ano, o menor nível nos últimos 40 anos e ainda assim a economia não reage da maneira esperada. O país não consegue atrair investimentos”, comenta.

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