Cresce volume de remessas por meio de contas CC5

Desde o início do mês até ontem (22)  US$ 2,6 bilhões já deixaram o Brasil. Essas saídas de recursos, que pressionam a cotação do real em relação ao dólar, foram parcialmente compensadas por um ingresso de US$ 1,7 bilhão em operações comerciais. Com isso, o saldo do mercado de câmbio no final no período é uma saída líquida de US$ 852 milhões. Em junho, a perda líquida no mercado cambial foi ainda maior: US$ 1 484 bilhão. Nas últimas semanas, entretanto, o destaque fica para o crescimento das remessas via contas de não-residentes, as chamadas contas CC5, que já passam de US$ 1 bilhão.

Ao contrário do que se verifica este mês, em junho boa parte do dinheiro que deixou o Brasil foi para pagar compromissos de empresas instaladas no País que não conseguiram rolar suas dívidas em razão do cenário turbulento. Segundo o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, a taxa de rolagem dos empréstimos do setor privado no mês passado foi de apenas 22%.

Este mês, segundo ele, a situação se reverteu e as empresas estão conseguindo se financiar no mercado externo. Os dados do BC mostram que, até o fim de semana, a taxa de rolagem dos empréstimos do setor privado já estava em 141%. Com isso, as saídas de recursos pelo mercado financeiro caíram de US$ 4,180 bilhões no mês passado para US$ 1,511 bilhão este mês. Em compensação, as remessas de recursos para o exterior por meio das CC5 subiram de US$ 605 milhões para US$ 1,078 bilhão no mesmo período.

Esse movimento reforça a pressão na cotação da moeda estrangeira que, apesar das intervenções do BC e da oferta de dólares pelos bancos, ultrapassou a barreira dos R$ 2,90 nos últimos dias. O BC tem ainda US$ 9,966 bilhões para intervir no mercado de câmbio até o fim do ano. De acordo com os dados da instituição, as reservas líquidas do País devem fechar o mês em US$ 24,966 bilhões.

Como o acordo determina que o piso dessas reservas é de US$ 15 bilhões, na prática restam US$ 9,966 bilhões para uso do BC. Por outro lado, segundo informou o chefe do Depec, os próprios bancos têm suprido boa parte da demanda do mercado por dólares. Em junho, as instituições financeiras ofertaram US$ 1 127 bilhão no mercado para atender aos seus clientes. Em julho, no entanto, até sexta-feira essa oferta tinha crescido apenas US$ 214 milhões. Com isso, a chamada posição vendida dos bancos soma atualmente US$ 2,731 bilhões.

Os dados mostram ainda que o governo já fez uma recompra líquida de US$ 2,038 bilhões de títulos da dívida externa. Desse total, US$ 1,915 bilhão foi comprado em junho e US$ 123 milhões, em julho. Como o Banco Central anunciou que pretende recomprar no mínimo US$ 3 bilhões, ainda há espaço para uma recompra de cerca de US$ 1 bilhão.

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