Cresce o número de mulheres que comandam lares

Acordar cedo, passar o dia todo fora trabalhando e, à noite, verificar se está tudo certo com os filhos e arrumar a casa. Nos domingos, finalizar os serviços que ficaram pendentes durante a semana. Essa é a rotina de Ione de Paula, que cozinha, limpa, lava e passa na casa do seu patrão. Para ajudar em casa, suas filhas, Ângela e Renata, de 17 e 23 anos, também estão empregadas. Casada, foi sempre Ione quem sustentou a família. ?A vida inteira fui pai e mãe dentro da minha casa. Meu marido começava um trabalho, ficava três meses e parava por causa do álcool?, conta.

A vida de chefe de família de Ione é compartilhada, cada vez mais, com outras mulheres brasileiras. A constatação é da Síntese de Indicadores Sociais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número de mulheres indicadas como referência da família aumentou de 10,3 milhões para 18,5 milhões de 1996 a 2006, o que corresponde a uma variação de 79%. Maior participação no mercado de trabalho e maior contribuição no rendimento da família são apontados como fatores que contribuíram para esse crescimento.

Entre 1996 e 2006, o nível de ocupação das mulheres brasileiras aumentou quase cinco pontos percentuais. O maior aumento foi verificado no Sudeste (6,2 pontos), mas o maior percentual, para todas as faixas etárias, é da região Sul. Entre elas, a maior concentração está na faixa de 30 a 39 anos, com um total de 74,3% de ocupação entre as mulheres, seguida pela faixa de 40 a 49 anos, com 71,8%. As médias nacionais ficaram em 66,9% e 66,2%, respectivamente. Os setores de educação, saúde e serviços sociais são os mais intensos entre as mulheres ocupadas mais escolarizadas, com 12 anos de estudo ou mais, responsáveis por 44,5% do total de ocupação.

Qualificação

A qualificação das mulheres também tem se intensificado, o que ainda não se reflete nos salários. A pesquisa destaca que a maior participação das mulheres no mercado de trabalho se concentra em quatro categorias, responsáveis por 70% do total da mão-de-obra feminina: serviços em geral (30,7%); trabalho agrícola (15%); serviços administrativos (11,8%) e comércio (11,8%).

Em contrapartida, as atividades melhor remuneradas ainda são dos homens. O setor classificado como ?outras atividades?, que inclui aluguel de veículos, atividades imobiliárias e outros, agrega 23,6% dos trabalhadores do sexo masculino, seguido pela ocupação na indústria (16,7%) e nos setores da educação, saúde e serviço social (15,9%).

Para a professora do Instituto Superior de Administração e Economia (Isae/FGV), Denise Basgal, o setor tecnológico é outro que se destaca e amplia a diferença de salário entre os sexos. ?É um setor ainda predominantemente dominado por homens, de remuneração alta. E a mulher também está no mercado de trabalho para realização pessoal, que não se limita mais em constituição de família?, acredita.

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