O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, disse hoje que o mundo nos próximos dois ou três anos será ainda mais inundado de liquidez financeira, o que vai impor alguns “imperativos” para o Brasil. “O País tem tudo para vencer seus desafios e caminhar com vigor para se tornar uma nação desenvolvida”, afirmou, durante aula magna proferida no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em São José dos Campos.

continua após a publicidade

Além da necessidade de conter um processo de sobrevalorização do real, que pode ocorrer em função da política de afrouxamento quantitativo nos países desenvolvidos, o Brasil tem boas chances de se fortalecer e expandir de forma sustentada, sobretudo caso atenda alguns “imperativos”, como incrementar a poupança doméstica e taxa de investimentos para perto de 24% do PIB até 2014, ampliar os recursos aplicados em inovação e avançar a produtividade de forma substancial, entre 5% e 5,5%.

Para Coutinho, o avanço da poupança doméstica na maior parte contará com a participação do setor privado, que deveria ser responsável por 50% a 60% dos investimentos do País. Coutinho ressaltou que a taxa de formação de capital fixo no Brasil deve ter alcançado cerca de 20% do PIB em 2011, mas precisa avançar e atingir entre 23% e 24% para que possa atender nos próximos quatro anos natural avanço da demanda agregada. O aumento da demanda deve vir em função de alguns fatores, como fortalecimento da classe média, contínua expansão do crédito e aumento de renda da população motivada especialmente pelo mercado de trabalho, com boas perspectivas no longo prazo.

“Do contrário, de 3% a 4% de investimentos do PIB terão que vir através de capitais externos”, disse. O presidente do BNDES comentou, no entanto, que não tem nada contra essa forma de obtenção de capital, porém destacou que em momentos de crise o aumento substancial do déficit de transações correntes pode tornar o País vulnerável. “Mas temos condições com esforço, energia e trabalho, de ampliar o nosso patamar de investimentos com recursos naturais”.

continua após a publicidade

De acordo com o presidente do BNDES, a melhor das condições sociais e econômicas do País permitiu um avanço substancial da distribuição de renda, o que contribui para que a classe C aumentasse hoje para 57% da população.

Segundo ele, esse contexto favorável permitiu a melhoria dos salários, que deve continuar a ser registrada nos próximos anos. “Isso é positivo, porém para fazer frente ao aumento dos custos do trabalho, é fundamental que a produtividade cresça e avance não entre 2% e 2,5%, mas entre 5% e 5,5% ao ano”, disse.

continua após a publicidade

De acordo com o presidente do BNDES, também é muito importante para o Brasil incrementar a inovação dos processos produtivos das empresas, principalmente das industriais. Segundo ele, lideranças empresariais produtivas já estão buscando incrementar o nível tecnológico de suas atividades fabris. Porém, ele acredita que esse processo precisa avançar muito mais, inclusive com o apoio dos segmentos de pesquisa como universidades.