Em um cenário de Brexit sem acordo, é mais provável que o Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) corte a sua taxa básica de juros, hoje em 0,75% ao ano, do que a aumente, afirmou nesta quinta-feira o membro do comitê de política monetária do BC britânico Gertjan Vlieghe.

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Na semana passada, ao anunciar sua decisão de juros, o órgão decisório do BoE havia dito que poderia mover os juros básicos tanto em uma direção quanto na outra no caso de o Reino Unido deixar a União Europeia sem um período de transição para se ajustar a novas regras comerciais. Até aqui, os dirigentes da autoridade monetária têm dado poucas indicações sobre suas preferências pessoais.

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Mas, em um discurso em Londres, Vlieghe providenciou um raro vislumbre sobre como ele provavelmente responderia a um Brexit sem acordo, que causasse uma ruptura econômica “severa”.

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“No caso de um cenário de nenhum acordo, julgo que um afrouxamento ou uma pausa prolongada na política monetária seria mais provavelmente a resposta apropriada na formulação de políticas do que um aperto”, afirmou o economista, que é um dos quatro membros do comitê de política monetária, formado por um total de nove integrantes, que não trabalham para o BoE em tempo integral.

Segundo Vlieghe, podem-se imaginar cenários em que famílias e empresas esperem que o efeito negativo de uma separação brusca sobre a economia seja “razoavelmente persistente, e então reduziriam seu consumo e demanda por investimento mais intensamente que a ruptura de oferta em si”.

Já quando se presume que o Brexit transcorra com um período de transição enquanto um novo acordo comercial é negociado entre Londres e Bruxelas, o BoE vem dizendo que provavelmente elevaria sua taxa básica de juros ligeiramente ao longo dos próximos anos. Mas Vlieghe pondera que uma desaceleração da economia global e o crescimento mais fraco no próprio Reino Unido significam que menos aumentos de juros serão necessários para manter a inflação na meta do BC britânico, de 2%.

“Quando falei da primeira vez sobre a trajetória futura da taxa bancária há um ano, pensei que uma ou duas elevações de um quarto de ponto porcentual por ano na taxa bancária fosse o caso central mais provável”, ele disse. “Mas, desde então, a perspectiva econômica mudou.”