Copom só indica alta e juros sobem nos bancos

Os juros bancários voltaram a subir no início de agosto, depois das indicações do Banco Central de que a taxa básica da economia não deve mais cair em 2004, e de que pode até subir por causa da ameaça de inflação.

Segundo dados preliminares do BC, nas duas primeiras semanas de agosto (13 dias úteis), a taxa média de juros subiu para 44,4%, depois de cair para 43,9% em julho. No caso da pessoa física, a taxa de julho havia sido a menor da série histórica do BC – iniciada em julho de 1994 – 62% em julho. Agora, subiu para 62,8%. Para pessoa jurídica, os juros passaram de 29,7% para 30% ao ano.

“Já há algum impacto da mudança na curva de juros”, disse o chefe do departamento econômico do BC, Altamir Lopes.

O balanço parcial de agosto ainda não reflete a última decisão do BC de manter a taxa básica de juros em 16% ao ano – patamar em que a Selic está desde abril. Mas na ata da reunião de julho, o BC já havia dito que poderia aumentar os juros neste ano, o que levou a uma mudança nas expectativas do mercado.

Apesar da retomada na alta dos juros, o volume de crédito manteve a tendência de crescimento no início de agosto, de 1,9% para pessoa física e 0,9% para pessoa jurídica.

Segundo Lopes, o volume de crédito já atingiu um patamar elevado e deve crescer agora a taxas mais baixas.

Inadimplência

Os bancos registraram em julho queda no nível de inadimplência das pessoas físicas pelo quinto mês consecutivo. Segundo pesquisa do Banco Central, o atraso de mais de 15 dias no pagamento de empréstimos – prazo utilizado como referência – caiu 0,3 ponto percentual no mês passado, para 12,7%. Esse é o menor nível registrado desde junho de 2001.

No caso das pessoas jurídicas, a inadimplência se manteve em 3,4% do total emprestado pelas instituições financeiras. Com isso, a inadimplência média do setor bancário caiu 0,1 ponto percentual, para 7,1%, menor nível registrado pela série histórica do BC, iniciada em junho de 2000.

Essa redução ocorre em um momento em que o volume de empréstimos apresenta crescimento. Em julho, o volume de operações de crédito teve um aumento de 0,9% na comparação com junho, e de 9% em relação ao ano passado.

Segundo dados preliminares do BC em agosto (primeiros 13 dias úteis), o volume de crédito cresceu 1,3%, sendo 1,9% para pessoa física e 0,9% para pessoa jurídica.

Taxa é menor mas lucro é maior

As taxas de juros bancários para pessoa física atingiram em julho o menor nível desde julho de 1994 (início da série histórica do Banco Central), de 62% ao ano. Isso representa uma queda 0,4 ponto percentual em relação ao mês anterior e de 15,9 pontos nos últimos 12 meses.

O resultado se deve ao aumento nos empréstimos com débito em folha de pagamento, que cresceram cerca de 3,5% em julho. Segundo o chefe do departamento econômico do BC, Altamir Lopes, o consumidor está migrando para modalidades mais baratas de empréstimos, em busca de taxas menores.

No caso do desconto em folha, as taxas são de 38% ao ano em média. Para o empréstimo pessoal, os bancos cobram em média 72%. Em relação ao cheque especial, apesar da taxa ser hoje a menor desde dezembro de 1999, ela ainda está em 140,1% ao ano.

Apesar da queda nos juros, houve um aumento de 0,2 ponto no spread bancário, para 27,2 pontos percentuais. O spread é a diferença entre o que os bancos pagam de juros aos poupadores e quanto eles cobram na hora de emprestar o dinheiro.

Segundo o BC, esse resultado pode ser explicado pela queda na taxa de captação dos bancos.

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