Copom reduz taxa básica de juros para 19% ao ano

Brasília – O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central cortou em um ponto percentual, para 19% ao ano, a taxa básica de juros (Selic). O mercado apostava em um corte de um ponto a 1,5 ponto percentual. Segundo o Copom, “tendo em vista a continuidade da convergência da inflação para a trajetória das metas, o Copom, por unanimidade, decidiu fixar a taxa em 19% ao ano sem viés”.

No mês passado, o Copom fez um corte de dois pontos percentuais na taxa e, em agosto, de 2,5 pontos. Em julho, o corte foi de 1,5 ponto e, em junho, de 0,5 ponto. Assim, no período, a Selic caiu 7,5 pontos percentuais, de 26,5% para 19% ao ano. A falta de viés significa que para mexer na Selic antes da próxima reunião oficial do Copom, nos dias 18 e 19 de novembro, o BC teria de convocar um encontro extraordinário.

Apesar do corte de ontem ser um dos menores dos últimos meses, ele já era esperado pelo mercado, que apostava em um momento de maior cautela do BC. Os analistas mais otimistas esperavam uma redução de 1,5 ponto percentual. Por diversas ocasiões, entre a reunião do mês de setembro e a de ontem, o presidente do Banco Central, Hen-rique Meirelles, manifestou preocupação com o tempo que leva para as decisões de política monetária repercutirem na economia.

Com o esperado reaquecimento da atividade econômica, o BC está de olho na evolução futura das taxas de inflação. As expectativas de inflação do mercado para os próximos 12 meses está em 6,27%, acima portanto da meta de 2004, de uma inflação de 5,5%. As razões para o corte de um ponto percentual na taxa Selic serão conhecidas na próxima semana quando o BC divulgará, na quinta-feira, a ata da reunião do Copom.

Com a redução dos juros, o Banco Central diminui a atratividade do investimento em títulos da dívida pública. Assim, começa a “sobrar” um pouco mais de dinheiro no mercado financeiro para viabilizar investimentos que tenham retorno maior que o pago pelo governo. É por isso que os empresários pedem corte nas taxas, para viabilizar investimentos. Nos mercados, reduções da taxa de juros viabilizam normalmente migração de recursos para a bolsa e para o câmbio de moedas. Quando o juro sobe, acontece o inverso.

Mercado

O dólar comercial voltou ontem a fechar em alta. A moeda norte-americana terminou o dia vendida por R$ 2,863 (compra a R$ 2,862), 0,17% acima do valor do fechamento de terça, quando, depois de quatro fechamentos consecutivos em alta, o dólar fechou em queda. O Banco Central vendeu apenas US$ 48,9 milhões em títulos atrelados ao câmbio nesta quarta-feira. A dívida de US$ 1,5 bilhão que vence dia 3 foi renovada em apenas 3%. O BC queria renovar até 13%.

O Ibovespa, principal indicador da Bolsa de Valores de São Paulo, caiu 0,75%, para 18.310 pontos. O risco-Brasil piora, em alta de 3,48%, para 624 pontos, segundo o banco J.P. Morgan.

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