A reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central será o maior evento da agenda econômica doméstica da próxima semana. Os diretores do BC se reúnem na terça e na quarta-feira para definirem o novo patamar de juro nominal que vai referenciar a economia até o próximo encontro, marcado para os dias 4 e 5 de setembro.
Segundo pesquisa da Agência Estado com 63 de um total de 66 analistas consultados no mercado financeiro, o corte de 0,50 ponto porcentual da taxa básica de juros – de atuais 12,00% ao ano para 11,50% – está contratado desde o Copom de junho. Isso porque, no mês passado, o comitê voltou a reduzir a Selic na magnitude de meio ponto pela primeira vez desde 29 de novembro de 2006. Dessa forma, acreditam os analistas, o BC não iria voltar reduzir a taxa em 0,25 ponto porcentual na reunião seguinte até para não passar para o mercado a impressão que errou na mão.
Isso introduziria uma gama adicional de volatilidade num cenário que já vem agitado desde o dia 26 de junho, quando o Conselho Monetário Nacional (CMN) fixou em 4,50% a meta de inflação para 2009 – o que desagradou ao mercado, que esperava 4,00% -, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse que a autoridade monetária trabalharia para buscar uma inflação de 4 00%.
No mesmo dia (18), a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) vai informar em quanto ficou a inflação para o consumidor paulistano na segunda quadrissemana de julho, período que compreende as quatro últimas semanas encerradas em 15 de julho comparativamente às quatro semanas imediatamente anteriores. Na primeira coleta de preços do mês, o IPC da Fipe registrou um ajuste médio de 0,48% dos preços ao consumidor, taxa que excedeu em 0,08 ponto porcentual a média de reajustes dos preços na primeira quadrissemana de junho, de 0,40%, mas que desacelerou em 0,07 ponto se comparada com a inflação fechada de junho, de 0 55%. Ainda na quarta-feira, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) anunciará o IGP-10 de julho. No mês passado, o IGP-10 fechou em 0,15%.
Na sexta-feira, dia 20 de julho, a mesma FGV divulgará a inflação medida pelo Índice Geral de Preços ao Mercado (IGP-M) referente à segunda prévia do mês. A primeira prévia do índice no mês fechou em 0,15%, a mesma variação do IGP-10 de junho. Na segunda prévia de junho, o IGP-M subiu 0,26% e no fechamento repetiu a mesma variação.
A semana, na verdade, começa com a divulgação das vendas do comércio varejista em maio, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na segunda-feira (16). Estimuladas pelo crescimento da massa salarial, redução de juros e crédito em abundância, as vendas têm mostrado seguidos índices de alta. Em abril, o volume de vendas cresceu 0,40%, depois de ter mostrado alta de 1,10% em março, pela leitura com ajustes sazonais. Na série interanual, as taxas são de 7,50% em abril e de 11,50% em março.
Na mesma segunda-feira, o Banco Central deverá anunciar as medianas das expectativas dos analistas do mercado para os indicadores mais relevantes da economia nacional concentradas no relatório Focus. Para o IPCA, por exemplo, as medianas foram elevadas em quase todas as leituras. Só a mediana das instituições Top 5 para o médio prazo registrou queda, de 3,85% para 3,70%. Para o IPCA de 2008, a mediana do IPCA manteve-se estável em 4,00%.
No mesmo dia, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MIDC) anunciará o saldo da balança comercial na segunda semana de julho. Na primeira, registrou-se um superávit de US$ 927 milhões, resultado de exportações de US$ 3 384 bilhões e importações de US$ 2,457 bilhões.
No calendário corporativo, algumas empresas dão prosseguimento à safra de divulgações dos balanços referentes ao primeiro semestre de 2007. A GVT Holding e a VCP apresentam seus números na terça-feira. Na quinta-feira, é a vez de NET e Weg e, na sexta-feira, a Vivo apresenta seu balanço do período.
EUA, Europa e Ásia
Os destaques da agenda de indicadores econômicos na próxima semana nos Estados Unidos são os índices de preços ao produtor (PPI), na terça-feira, e ao consumidor (CPI), no dia seguinte. Também serão divulgados a produção industrial e indicadores de atividade do setor de construção de residências.
Também estão agendados dois depoimentos do presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, no Congresso, na quarta e quinta-feira, e a divulgação da ata da última reunião do Comitê de Mercado Aberto (Fomc), também na quinta.
A temporada de divulgação de balanços por corporações norte-americanas também esquenta na próxima semana. Há empresas de diversos setores, mas os principais destaques estão entre os bancos, companhias aéreas e de tecnologia. O Citigroup, por exemplo, anuncia seus números na sexta-feira (20), um dia depois de o mercado conhecer os números do Bank of América. A AMR, controladora da American Airlines, anuncia os resultados na quarta-feira, , mas a semana conta também com Delta Air Lines, Southwest Airlines e Continental Airline.
O setor de tecnologia também estará no foco, puxado pelo Yahoo, que apresenta seu desempenho no trimestre na terça-feira, após o fechamento do mercado. Ainda na terça-feira há Intel, e, no dia seguinte, é a vez de IBM. A Microsoft, maior companhia de softwares do mundo, vai divulgar seu balanço na quinta.
Na Europa, os destaques da são a divulgação de alguns indicadores de inflação (na Alemanha, no Reino Unido e na zona do euro), a ata da última reunião de política monetária do Banco da Inglaterra (BoE) e a pesquisa de sentimento do instituto alemão ZEW (Zentrum für Europäische Wirtschaftsforschung).
À exceção da China, a região da Ásia e do Pacífico terá uma semana fraca em indicadores econômicos. Os indicadores chineses de inflação, produção industrial, investimentos e vendas no varejo devem sair na noite de quarta-feira, junto com o PIB do segundo trimestre; como de hábito. Porém, a China poderá mudar o dia e a hora de divulgação de alguns desses dados. As duas únicas reuniões de bancos centrais da região marcadas para a próxima semana são em Sri Lanka e Tailândia, ambas na terça-feira.
