Copa levou indústria em junho ao nível de 2009, diz CNI

Os maus resultados da indústria em junho foram mais intensos do que os que já vinham se apresentando ao longo do ano. No encerramento do primeiro semestre, o já fraco desempenho do setor ganhou componente adicional: as interrupções de jornada e vendas por causa da Copa do Mundo. Em junho, a utilização da capacidade instalada chegou a 80,1%, mesmo patamar registrado em maio de 2009, ano que o País lutava para enfrentar a crise internacional. O faturamento caiu 5,7% em junho ante maio e as horas trabalhadas na produção, 3,0%, esta última variável retomou também os níveis mais baixos desde 2009.

Os dados foram divulgados nesta terça-feira, 05, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). “Não conseguimos quantificar o que é impacto pontual da Copa e o que é tendência que vinha se manifestando. Mas não é um ritmo de queda trivial”, disse o gerente-executivo de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco.

Os dados, destacou Castelo Branco, começam a se refletir no mercado de trabalho. Em junho ante maio, o emprego caiu 0,5%. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, recuou 0,1%. Na comparação com maio, a massa salarial real do setor recuou 0,8% e o rendimento médio teve ligeira variação, de 0,1%.

“O emprego se sustentou por muito tempo num patamar mais alto e tinha até tendência de crescimento nos dois primeiros meses do ano”, disse Castelo Branco. No acumulado dos seis primeiros meses de 2014, em relação a igual período de 2013, o emprego cresceu 0,9%.

Apesar de a massa salarial e o rendimento médio mostrarem, de forma incipiente, de acordo com a CNI, alguma tendência de desaceleração na ponta, no acumulado do semestre ambos registraram altas expressivas. Mesmo com a queda de 1,0% no faturamento real no primeiro semestre e também queda de 2,2% nas horas de trabalho na produção, a massa salarial cresceu 3,8% e o rendimento médio, 2,9%.

Na avaliação de Castelo Branco, os dados do acumulado do ano sofrem com “forte inércia”, dado que o emprego se manteve no início de 2014 no terreno positivo. A queda mensal do emprego industrial em junho, contudo, foi a quarta consecutiva. “Se a tendência se mantiver, muito provavelmente vamos observar queda de massa e rendimento”, completou.

Além disso, o gerente-executivo da CNI lembrou que o salário médio real no País tem aumentado, fazendo crescer a pressão por ganhos reais nas negociações salariais.

Expectativas

A expectativa da CNI é de que o segundo semestre do ano tenha menos volatilidade e seja beneficiado pelo fim do ciclo de alta de juros. Se a indústria não se recuperar, contudo, o faturamento pode cair 1,4% no ano, as horas trabalhadas, 1,7%, e o emprego crescer apenas 0,6%.

Este é o carregamento calculado pela CNI no caso de manutenção dos níveis atuais de julho. “O que vai definir a reversão do quadro é de fato a retomada do investimento”, completou Castelo Branco.

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