Cooperativas faturam R$ 16,5 bi em 2005

Na maioria das cooperativas paranaenses, a seqüência de bons resultados dos últimos quatro anos não se confirmou em 2005. Redução da safra por questões climáticas, queda dos preços internacionais dos produtos exportados e desvalorização do real em relação ao dólar foram alguns dos fatos econômicos que marcaram o ano. Essa combinação de fatores externos ao sistema causou perda de renda aos produtores e teve repercussão nas cooperativas que atuam na agropecuária.

O faturamento bruto do sistema cooperativista neste ano deve fechar em R$ 16,5 bilhões, o que equivale a 18% do Produto Interno Bruto (PIB) do Paraná. O resultado pode ser considerado positivo diante do cenário de dificuldades vivenciado durante ao ano. Apesar da situação de dificuldade, a projeção de investimentos das cooperativas para médio e longo prazo não deverá ser afetada. Até 2010 os investimentos previstos são da ordem de R$ 3,5 bilhões. Em 2005, o segmento investiu R$ 500 milhões – a estimativa no início do ano previa R$ 800 milhões – principalmente em agroindústria, infra-estrutura e armazenamento.

Nos momentos de crise fica mais evidente o trabalho da cooperativa. Isso pode ser comprovado pelo aumento no número de cooperados. Em 2005, foram 50 mil novas adesões, totalizando 403 mil cooperados nas cooperativas do Paraná, o que representa o envolvimento direto de 2 milhões de paranaenses com as cooperativas no Paraná. Também foram gerados mais quatro mil empregos, ampliando para 50 mil os postos de trabalho criados pelo sistema em todo o Estado.

?Os dados revelam a capacidade do cooperativismo em vencer as adversidades e manter-se em constante desenvolvimento?, afirma o presidente do Sistema Ocepar/Sescoop-PR, João Paulo Koslovski. Entre os diversos ramos de atividade cooperativista, o segmento de crédito foi o que teve a maior expansão. De acordo com Koslovski, o setor tem hoje mais de 260 mil co-operados e movimentou R$ 1,65 bilhão neste ano, alta de 10% em comparação a 2004. ?Num momento de dificuldades, as cooperativas de crédito desempenham função fundamental, criando condições diferenciadas de financiamento para a produção?, explica.

Já as exportações, que no ano passado foram próximas a US$ 1 bilhão, em 2005 caíram para US$ 650 milhões. Segundo Koslovski, entre os problemas que prejudicaram a rentabilidade das cooperativas, dois fatores foram determinantes para a queda da receita nas vendas externas. ?As perdas causadas pela estiagem, com quebra de seis milhões de toneladas na safra, e a sobrevalorização do real ante o dólar, provocaram retração de 30% no faturamento gerado pelas exportações?, relata.

De acordo com o presidente do Sistema Ocepar/Sescoop, a situação teve também outros agravantes, como a falta de política agrícola, escassez de crédito e taxas elevadas de juros.

E o ano de 2005 ainda fechou com o fantasma da febre aftosa que ronda o Paraná. ?As conseqüências dessa conjuntura desfavorável, que afetam diretamente as entidades do ramo agropecuário, também são sentidas por cooperativas que atuam em outros segmentos?, explica. Para Koslovski, apesar das dificuldades, a leitura da crise precisa apontar em direção à retomada do crescimento. ?Temos como desafio prosseguir com o trabalho visando concretizar os objetivos do sistema cooperativista, em seus diversos ramos de atividade e é isso que vamos fazer?, afirma.

Segundo o dirigente cooperativista, em 2006, a Ocepar terá que trabalhar com intensidade para administrar a situação de dificuldade conjuntural que afetou o segmento. Medidas como a busca de novas alternativas de crédito e de capitalização, juntamente com a profissionalização do sistema, serão algumas das principais metas para o novo ano.

Na esfera política, haverá continuidade na mobilização em torno da Lei Cooperativista, na consolidação do ato cooperativo e nos pleitos que tratam do programa de capitalização das cooperativas. Em outra frente, serão feitas novas gestões para a efetiva resolução de impasses tributários. ?É preciso continuar acreditando no co-operativismo e nas cooperativas, entidades que defendem com veemência e persistência os interesses econômicos e sociais de seus cooperados?, conclui Koslovski.

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