Cooperativa de crédito é alternativa aos juros

Brasília (ABr) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que as cooperativas de crédito são uma alternativa para que a população possa fazer empréstimos com juros mais baixos do que os oferecidos pelos bancos. Lula lembrou que quando entrou no governo existiam muitos obstáculos que impediam a formação desse tipo de cooperativa. ?Eu não consigo compreender por que alguém vai ao banco tirar dinheiro com cartão de crédito para pagar 12% de juros ao mês. Deveria não ir porque aí acabaria isso. Eu não consigo compreender por que as pessoas não se organizam em cooperativas de crédito para sair do sistema financeiro que cobra juros exorbitantes?, afirmou. 

Durante a solenidade em comemoração ao Dia Internacional do Cooperativismo, na sede da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), o presidente afirmou que o cooperativismo é, sobretudo, uma questão de educação. ?É importante que tenhamos informação e educação para que as cooperativas possam se consolidar e ser fortes?, afirmou.

Segundo Lula, o cooperativismo é um movimento que soma valores que interessam a qualquer país, a qualquer governo e a toda a sociedade. ?A questão da promoção da inclusão social e do fortalecimento de uma palavra que, muitas vezes, é esquecida pelos seres humanos, que é a palavra solidariedade, que é a peça importante de uma cooperativa?, destacou.

O presidente afirmou que seu governo já adotou medidas para incentivar o cooperativismo e não medirá esforços para transformar o Brasil em um país cooperativista. ?Eu acho que esse deve ser um sonho perseguido por todos nós?, disse.

Muitas coisas que um produtor não pode fazer sozinho, segundo Lula, ele seria capaz de realizar se promovesse a criação de uma cooperativa. ?Ele seria capaz de modernizar sua produção, de colocar valor agregado aos seus produtos, de ter acesso a financiamentos, de ter um preço melhor e também de eleger bons vereadores, prefeitos e governadores?, afirmou.

Como exemplo, o presidente citou a região do ABC paulista, onde trabalhadores de empresas falidas se uniram para comprá-las e as transformaram em cooperativas de produção. ?Nós provamos isso em 12 empresas no ABC, em cooperativas que estão funcionando e produzindo de forma extraordinária?, comemorou.

OCB

O presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Lopes, pediu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante evento na sede da entidade, um marco regulatório atualizado para o setor. A OCB comemorou o Dia Internacional do Cooperativismo, celebrado no último sábado.

?Para que as cooperativas possam se desenvolver, nós precisamos de um marco legal atualizado. Precisa haver uma definição do ato cooperativo em cada uma das áreas de atuação?, destacou o presidente da organização.

As cooperativas são regulamentadas pela Lei 5.764 de dezembro de 1971. Hoje, as 7.355 existentes no País atuam em 13 atividades econômicas diferentes, reunindo mais de 5,7 milhões de cooperados e 182 mil empregados.

Márcio Lopes disse, ainda, que o cooperativismo apresenta-se como ?contraponto ao desequilíbrio econômico?, já que o lucro obtido nas cooperativas é rateado entre todos os participantes. Com apoio dos ministérios da Cultura e da Agricultura, a OCB editou um livro com a história do cooperativismo no Brasil. Um exemplar foi entregue ao presidente Lula durante a cerimônia.

Programas especiais para cooperativas

O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues, anunciou ontem, durante visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à sede da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), em Brasília, a criação do Programa de Estímulo do Ensino e à Produção Acadêmica no Cooperativismo e do Programa Gênero e Cooperativismo (Coopergênero). O evento faz parte das comemorações do Dia Internacional do Cooperativismo, celebrado em todo o mundo no primeiro sábado de julho. Distribuídas em 13 ramos, as cooperativas somam hoje 6,3 milhões de cooperados e 182 mil empregados.

O programa de ensino e produção acadêmica busca formar, em nível de pós-graduação, especialistas em co-operativismo. Também quer influir na revisão de grades curriculares e disciplinas de escolas agrotécnicas federais para resgatar a história do setor. O foco será em escolas, universidades e centros de formação profissional das redes pública e privada em todo o País. A iniciativa contará com um banco de dados sobre co-operativismo, estabelecerá um prêmio anual à produção intelectual na área e concederá bolsas de estudo, além de destinar recursos a pesquisas e teses de interesse do setor. O programa prevê ainda apoio ao intercâmbio de estudantes e professores de cursos de cooperativismo entre universidades brasileiras e do exterior.

As cooperativas agropecuárias brasileiras respondem por 30% de toda a produção nacional de alimentos e faturam cerca de R$ 25 bilhões ao ano. Em 2003, as cooperativas exportaram US$ 1,09 bilhão. As 1.519 cooperativas agropecuárias reúnem 940,5 mil cooperados e 110,9 mil empregados. Produzem 62% do trigo, 38% do leite, 38% do algodão, 32% dos suínos, 30% da soja e 28% do café brasileiros.

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