Confiança do consumidor sobe em agosto, apura FGV

Os consumidores brasileiros conseguiram deixar para trás o pessimismo trazido pelas manifestações nas ruas em junho e julho, que haviam levado o indicador a uma queda abrupta e ao pior patamar desde maio de 2009. O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) subiu 4,4% em agosto (113,1 pontos) e voltou ao patamar de maio.

No entanto, já naquele mês a economia se mostrava mais deteriorada aos olhos do consumidor, segundo a coordenadora da Sondagem de Expectativa do Consumidor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Viviane Seda.

“Recuperou-se 98% da confiança perdida em junho e julho. Mas a economia já estava num momento mais fraco em maio. Havia uma preocupação com a inflação e com a taxa de juros, por exemplo”, disse.

A melhora de agosto sobre os dois meses de manifestações trouxe de volta, por exemplo, a intenção dos consumidores de ir às compras. O indicador que mede a disposição de comprar bens duráveis subiu 2% em agosto, sempre na comparação com o mês anterior.

“Os consumidores com menor poder aquisitivo mostram bem isso. Não apenas recuperaram totalmente a confiança perdida em junho e julho, mas são a única classe que mantém o indicador acima da média dos últimos cinco anos”.

O Índice da Situação Atual subiu 7,3%, recuperando 2/3 da satisfação com o presente registrados nos meses de junho e julho. As expectativas em relação aos próximos meses ficaram mais otimistas e voltaram ao patamar de janeiro de 2013, um mês melhor do que maio. O Índice de Expectativa subiu 3,5%, para 110,4 pontos.

Segundo Viviane, os consumidores perceberam uma desaceleração da inflação, melhoraram a avaliação em relação ao mercado de trabalho, estão menos pessimistas em relação à alta da taxas de juros. “Isso permite que o consumidor se torne um pouco menos cauteloso”, disse.

A especialista disse que a avaliação sobre emprego, que tem forte impacto na avaliação do consumidor sobre a economia, continua favorável, apesar da desaceleração das contratações. “A expectativa de um mercado de trabalho mais aquecido também ajuda a diminuir a cautela””, afirmou.

A pesquisa mostra que mais de 90% dos consumidores, em todas as classes de renda, se disseram afetados pelas manifestações, o que teve impacto sobre a avaliação sobre a economia.