Confiança do consumidor bate menor nível da série

Após uma estabilidade da confiança no mês passado, o consumidor brasileiro voltou a mostrar sinais de pessimismo esse mês. É o que revela o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) de fevereiro, que caiu 1,4% ante janeiro, na série com ajuste sazonal, após avançar 0,1% em janeiro ante dezembro, dado revisado, informou hoje a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Com o resultado, o desempenho do indicador, que é calculado com base em uma escala de pontuação entre 0 e 200 pontos (sendo que, quando mais próximo de 200, maior o nível de confiança do consumidor), passou de 95,9 pontos no mês passado para 94,6 pontos em fevereiro. Esse patamar é o menor nível da série histórica do índice, iniciada em setembro de 2005.

A fundação aproveitou para revisar a série histórica do ICC, e informou que a taxa do indicador subiu 0,1% no primeiro mês do ano, na série com ajuste sazonal, e não 3% conforme anunciado no mês passado.

Em comunicado, a fundação informou que, com o resultado, o indicador retoma a trajetória descendente iniciada em setembro do ano passado, que havia sido interrompida pela relativa estabilização de janeiro, quando o índice variou 0,1%, dado revisado, na comparação com mês anterior.

Em fevereiro deste ano, houve piora tanto das avaliações sobre a situação presente quanto das expectativas em relação aos meses seguintes. O ICC é dividido em dois indicadores: o Índice de Situação Atual (ISA), que apresentou queda de 0,8% em fevereiro após subir 1,2% em janeiro; e o Índice de Expectativas (IE), que apurou recuo de 1,7% esse mês após avançar 4,1% em janeiro, atingindo também o menor nível da série.

Ainda segundo a fundação, o ICC caiu 17,5% na comparação com fevereiro do ano passado. Em janeiro, o ICC apresentou queda de 14,4% nessa mesma base de comparação.

O índice é composto por cinco quesitos da “Sondagem das Expectativas do Consumidor”, apurada desde outubro de 2002 (com periodicidade trimestral, até julho de 2004, quando passou a ser mensal). O levantamento abrange amostra de mais de 2 mil domicílios, em sete capitais, com entrevistas entre os dias 2 e 20 de fevereiro.

Cautela

A preocupação do consumidor em relação às condições econômicas para os próximos meses ajudou a derrubar o ICC de fevereiro. Em comunicado, a FGV informou que o consumidor mostrou-se “especialmente cauteloso” no que tange ao ato de comprar bens duráveis. A fundação lembrou, em seu informe, que essa operação muitas vezes implica concessão de financiamento para pagamento a prazo.

Ao detalhar essa cautela do consumidor, a entidade informou que de janeiro para fevereiro a parcela de consumidores entrevistados que planejam gastar mais com duráveis nos seis meses seguintes caiu de 8% para 6,8%. Já a parcela dos que pretendem gastar menos aumentou de 38,1% para 40,2%.

Nas respostas sobre situação atual, a fundação comentou que o indicador que mede a satisfação do consumidor em relação à situação econômica local presente manteve a trajetória de queda iniciada em outubro de 2008. De janeiro para fevereiro, a parcela dos pesquisados para o levantamento que avaliam a situação como boa aumentou de 8,4% para 8,7% do total, enquanto a dos que a julgam ruim subiu de 48,9% para 50,6%.