O recuo da confiança do setor de serviços em maio confirmou os sinais de que o segundo trimestre também será marcado pela atividade mais fraca, avaliou, nesta quarta-feira, 28, o economista Silvio Sales, consultor do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). “O indicador retrata uma percepção desfavorável e sem perspectiva de melhora nos próximos meses”, afirmou.

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Neste mês, o Índice de Confiança de Serviços (ICS) caiu 5,7% ante abril. A difusão de resultados negativos foi a segunda mais elevada de toda a série, iniciada em junho de 2008. De 31 atividades pesquisadas, 84% se mostraram menos confiantes.

“O que percebemos é que, com isso, o patamar dos índices recua cada vez mais para o início de 2009. A diferença é que, ainda que no início de 2009 estivesse em um ponto desfavorável, a trajetória era de crescimento”, ressaltou Sales. Para o economista, ainda não é possível garantir que a confiança dos serviços continuará piorando, mas tampouco há indicativos de uma recuperação.

Entre os quatro principais setores, que respondem por 70% do valor adicionado de serviços, todos apresentaram queda na confiança em maio. Ligados principalmente à demanda de empresas (incluindo indústria), os serviços de informação observaram queda de 11,3% no índice, resultado seguido, ainda que em menor intensidade, por serviços prestados às empresas (-1,6%) e serviços de transporte (-5,1%). “Isso refletindo a demanda empresarial mais fraca e, consequentemente, o movimento mais geral da economia”, disse Sales.

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No caso dos serviços prestados às famílias, a queda do ICS foi de 4,8% em maio. “Esse setor funciona de acordo com a capacidade de consumo das famílias. Com o mercado de trabalho andando mais lentamente, faz sentido que haja alguma acomodação por meio da demanda”, explicou o economista.

A demanda foi, de fato, um dos principais entraves citados pelos empresários em maio. No momento atual, a parcela dos que avaliam a demanda como fraca aumentou a 25,9%. Em relação aos próximos três meses, 14% preveem demanda menor. Para Sales, esse quesito é mais preocupante, porque revela uma desaceleração de forma objetiva, pelo volume de serviços demandado.

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Em geral, os empresários da atividade que responde por dois terços do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro ficaram mais pessimistas em maio. O total dos otimistas caiu de 28,4% para 25,0% neste mês, enquanto o número dos que acreditam em piora do cenário avançaram de 15,1% a 18,2% no período. “Algo está mudando. Se houver convergência desses resultados nas pesquisas quantitativas, será ainda pior. Mas pode ser que parte disso seja expectativa”, disse Sales.