A repressão a crimes de concorrência desleal está com uma tendência “clara e inequívoca” de aumento, focado principalmente no combate a carteis e a práticas de empresas dominantes do mercado.

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A opinião é do vice-presidente do Instituto Brasileiro de Estudos da Concorrência (Ibrac), Marcello Calliari, que esteve ontem em Curitiba para participar do I Seminário de Direito da Concorrência, na UniBrasil.

Calliari, que já foi conselheiro no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), afirmou que os carteis viraram prioridade na atuação das autoridades e nunca foram tão investigados quanto hoje.

A prática, uma espécie de acordo entre concorrentes para fixar preços ou quantidades de produtos colocados no mercado, é o equivalente a “enfiar a mão no bolso do consumidor”, na visão do especialista.

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De acordo com Calliari, outro foco das autoridades está em práticas abusivas de algumas empresas. Ele dá como exemplo uma recente multa aplicada à Ambev, devido a um programa de fidelidade que pressionava varejistas a vender apenas bebidas fabricadas pelo grupo. A multa, de R$ 350 milhões, foi a maior já aplicada pelo Cade.

Outra participante do seminário, a professora da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e também diretora do Ibrac, Viviane Araújo Lima, abordou as fusões e aquisições. Segundo ela, o Cade está cada vez mais criterioso nas análises dessas operações.

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Porém, ela afirma que o órgão tem aprovado a maioria delas, ou integralmente, ou com algumas restrições. “Uma exceção foi no caso da fusão entre a Nestlé e a Garoto. O Cade entendeu que a empresa teria um poder muito grande de concentração no mercado, superior a 50%”, lembrou.

A professora afirmou que um dos assuntos que mais tem gerado discussões dentro do tema é nas análises de operações feitas por bancos. Ela informou que hoje as práticas são analisadas pelo Cade, mas há movimentações, ainda no âmbito administrativo, para que as análises passem a ser feitas pelo Banco Central.