As empresas e consórcios que arremataram as concessões da primeira fase do pacote de investimentos lançado pelo governo federal, em 2012, ainda aguardam a liberação de recursos estimados entre R$ 15 bilhões e R$ 17 bilhões do BNDES. Mas o banco, que atualmente é alvo de uma CPI, vem “emperrando” essa liberação, que tem como destinatários algumas empresas envolvidas na Operação Lava Jato.

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Essa postura de cautela do banco já provoca preocupações, até mesmo dentro do governo, de que o sucesso da nova etapa do Programa de Investimento em Logística (PIL), anunciada neste ano, esteja comprometido. Essa nova fase prevê investimentos de quase R$ 200 bilhões, sendo R$ 69 bilhões até 2018.

Além disso, o comportamento do banco de fomento é visto pela área econômica como mais um obstáculo para retirar a economia do País da recessão. A crítica é, sobretudo, ao excesso de burocracia que paralisou o banco nos últimos meses, principalmente depois que as maiores empreiteiras do País foram envolvidas no escândalo da Lava Jato.

Lançada em 2012, a primeira etapa do PIL teve baixa eficiência. Eram previstos investimentos de R$ 133 bilhões em rodovias e ferrovias. Dos nove trechos de estradas, seis foram leiloados. Dos 12 projetos de ferrovias e cerca de 160 terminais portuários, nenhuma concessão pública foi realizada. Sucesso só nos aeroportos: todos os cinco conseguiram ser repassados à iniciativa privada. As empresas vencedoras dos leilões tinham a garantia de que o grosso do financiamento teria como fonte o BNDES.

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Só a Odebrecht TransPort, por exemplo, que venceu os leilões do aeroporto do Galeão (RJ) e da BR-163 (MT), no fim de novembro de 2013, espera a liberação de R$ 5 bilhões do BNDES em operações de longo prazo. Os recursos, diz a empresa, são “indispensáveis” para manter o ritmo das obras e a manutenção de 8 mil empregos.

O diretor-presidente da MGO Rodovias, Helvécio Soares, esteve ontem no Rio, na sede do BNDES, para tentar fechar a operação de longo prazo da empresa, criada pelo Consórcio Planalto, vitorioso no leilão da BR-050, entre Minas Gerais e Goiás. A companhia pleiteia até 80% de R$ 1,2 bilhão que precisa investir até o 5.º ano da concessão.

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O BNDES respondeu, em nota, que sempre trabalhou com a perspectiva de aprovar os empréstimos de longo prazo até o final do segundo semestre deste ano. “Essa perspectiva está mantida”, afirmou. Até o momento, já foram contratados e liberados os empréstimos-ponte de todas as rodovias, com exceção do consórcio da Galvão Engenharia.

A maior preocupação agora é que os entraves que o BNDES está criando para a liberação dos financiamentos da primeira etapa do PIL possam anular o esforço do governo para dar mais atratividade aos novos leilões da segunda etapa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.