Competência de crédito

A preocupação é única quando o assunto é dinheiro. Para fornecedores de crédito ou para seus tomadores, a intenção é sempre fazer o melhor negócio.

Alguém já disse que negócio bom é aquele em que todos ganham, a famosa negociação ganha-ganha. Será que isso é possível, concretizar um negócio que envolva valores e que todos os envolvidos sejam beneficiados? Claro que sim.

O que quer o fornecedor? Emprestar com boa rentabilidade e garantia de recebimento. E o tomador, o que ele quer? Taxas de juros baixas e um prazo adequado à sua capacidade de pagamento.

Aparentemente, há aqui um antagonismo e muitos negócios não se concretizam por conta dessa disparidade de expectativas. Mas, na maior parte das vezes, seria possível estabelecer condições que permitissem a concretização da transação, de forma que ambos possam sair satisfeitos. Se analisarmos bem, encontraremos vários pontos de convergência nas intenções e necessidade de cada uma das partes.

Aquele que tem o capital, (a financeira ou banco), trabalha sempre dentro de tendências de mercado. Não trabalha para perder, não tem nenhuma intenção de fazer caridade.

A concessão de crédito é sua função primordial, é o que gera lucro. Por isso, está sempre buscando taxas mais altas. Mas, se suas taxas são exorbitantes, pode perder clientela, restando apenas os desesperados, o que aumenta o risco do não recebimento.

As taxas de juros levam sempre em conta índices divulgados pelo Bacen e as taxas de inadimplência. Quanto maior a inadimplência, maior o risco e maior a perda da instituição. Portanto, aumenta a prudência na hora de conceder o crédito e, na mesma proporção, sobem as taxas de juros.

Por outro lado, ainda mais prudência devem ter os tomadores do crédito, ou seja, aqueles que pedem o empréstimo, sejam eles pessoa física ou jurídica.

Em muitos casos, vêem-se em situações complicadas de falta de recursos e entram de cabeça na primeira oferta de dinheiro fácil que encontram.

Não se iludam, nada nesse comércio é de graça. Nesse caso, normalmente as taxas são abusivas e o tomador paga muitas vezes a mesma dívida. Quanto mais “fácil e sem burocracia” (já ouviram isso antes?), mais alta a taxa.

Pode-se conseguir taxas menores em programas de governo que beneficiam este ou aquele segmento, e, normalmente, ficam restritos aos bancos estatais. Pode ser uma excelente opção se o cliente procura crédito para comprar máquinas, equipamentos, informática ou capital de giro para empresas.

Para analisar a capacidade de pagamento do cliente, usa-se muito um tal de credit score (e isso, já ouviram?). Nada mais é que um sistema que faz uma análise econômico-financeira, aliada à análise do comportamento do cliente, por exemplo: se costuma ter devoluções de cheques, se tem ou teve restrições cadastrais, etc. Dessa forma, é necessário muito cuidado com seu cadastro, porque, mesmo depois que o cliente “limpar” a restrição cadastral, e recuperar o crédito, pode não recuperar a idoneidade.

De toda forma, ambos procuram o melhor para si. O fornecedor procura o cliente ideal, que ofereça garantia e pague suas contas sem a utilização de instrumentos de pressão para recuperar o crédito, e o tomador, por sua vez, busca crédito rápido e com boas taxas.

Escolher é a palavra-chave. Escolher bem o cliente. Escolher bem o agente financiador. Porque depois de efetivado o contrato de crédito é como um casamento: pode ser para toda a vida. Para o bem, ou para o mal.

Olho vivo.

Joana Del Guercio

é consultora em Finanças Pessoais, realizando cursos e palestras abertas ou in company. Jornalista e gerente de banco por 4 anos, quando adquiriu a experiência que pauta seus artigos.E-mail:
joanaguercio@hotmail.com.br

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