Dívidas

Está com o nome sujo na praça? Veja como tirá-lo do SPC, Boa Vista SCPC e Serasa

Foto: Arquivo

Segundo o Serasa Experian, um dos principais serviços de proteção de crédito do país, de dezembro de 2017 para janeiro deste ano, houve uma redução de 0,5% nesse número, graças, principalmente, ao uso do décimo terceiro salário para o pagamento de dívidas em atraso. Mas ainda há 60,1 milhões de brasileiros inadimplentes.

Confira manual prático com quatro passos para limpar seu nome:

1. Consulte as agências de proteção de crédito

As empresas costumam esperar pelo menos 30 dias para o envio de alertas ao consumidor inadimplente, mas não há uma regra nesse prazo.

O primeiro aviso de que você está inadimplente vem, normalmente, por carta de um dos serviços de proteção ao crédito (SPC Brasil, Boa Vista SCPC ou Serasa). No aviso, é dado um prazo, normalmente de dez dias, para o pagamento da dívida, caso contrário seu CPF ficará negativado.

Isso significa que a informação de que você é um mau pagador ficará disponível para as empresas que utilizam aquele mesmo serviço de proteção ao crédito, e que elas poderão recusar compras e solicitações de crédito vindas de você, por exemplo.

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Se você já recebeu a carta, já sabe que está em apuros. De qualquer forma, vale consultar o status do seu CPF nos três serviços de proteção de crédito para saber se não há mais nenhuma dívida em atraso ou mesmo para pegar mais detalhes do credor que te alertou.

No site Boa Vista SCPC, a consulta ao CPF é gratuita, mediante cadastro. Ao lançar seus dados na ferramenta, você também pode passar a integrar o chamado Cadastro Positivo da Boa Vista SCPC, ou seja, a lista de bons pagadores. Nesse caso, a consulta também te mostrará seu score nessa lista.

No site do Serasa, a consulta ao CPF também é gratuita, mediante cadastro. Além da consulta no site, é possível ir até uma das agências do serviços (veja os endereços), levando RG e CPF em mãos.

Já no SPC Brasil só é possível fazer a consulta ao CPF de forma gratuita pessoalmente, em um dos postos de atendimentos do serviço. Tenha RG e CPF em mãos.

2. Negocie suas dívidas com os credores

Descoberto o nome do credor, é necessário fazer a lição de casa para não ir de mãos vazias na hora de negociar o pagamento da dívida. É preciso analisar com calma o quanto você e sua família podem economizar para poder pagar esse débito.

A partir disso é que você vai traçar uma estratégia para a negociação: pedir um desconto que permita o pagamento da dívida à vista ou negociar um parcelamento que realmente caiba no seu bolso, sem que você deixe pagar nenhuma conta essencial.

Isso é importante não só para a sua saúde financeira, mas para a manutenção do acordo que for fechado. Se a dívida for parcelada e houver atraso novamente no pagamento das parcelas, o credor pode “negativar” seu CPF novamente.

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Quando a dívida é algum tipo de financiamento ou operação financeira que envolva juros, é preciso ficar de olho nesse peso a mais na dívida e, principalmente, no custo efetivo total (CET), que engloba não só os juros da dívida mas as outras taxas cobradas pelas instituições nesse tipo de operação. O valor a ser pago por você tem de englobar tudo isso e, novamente, caber no seu bolso!

Aviso importante 1: negocie suas dívidas diretamente, nada de aceitar a “ajuda” de terceiros, ainda mais quando essa ajuda é cobrada.

Aviso importante 2: É sempre recomendável pedir por escrito, por e-mail ou no papel, um documento com o acordo estipulado, contendo os valores a serem pagos, com juros etc, e os prazos.

Aviso importante 3: Precisa quitar a dívida e não tem como fazer isso sem recorrer a um empréstimo? É preciso estudar tudo com mais atenção ainda. Procure substituir dívidas com juros maiores, por financiamentos com juros menores, por exemplo, evite a utilização do limite do cheque especial ou o pagamento do mínimo no cartão de crédito, optando por empréstimo consignado, pois os juros são mais baixos.

3. Guarde os comprovantes de quitação

Uma vez quitado ou renegociado o valor em aberto, é de responsabilidade do credor solicitar a exclusão do CPF dos cadastros de restrição. E isso deve acontecer em até 5 dias úteis ou menos – em alguns estados, como no caso do Paraná, esse prazo é de dois dias.

Já que nem sempre esse prazo é respeitado, é preciso ficar atento e exigir comprovantes das quitações de débitos para tê-los em mãos caso precise mostra-los aos serviços de proteção ao crédito.

Algumas empresas, além de pedir a inclusão do CPF do devedor nos cadastros de restrição, também protestam o título em cartórios. Para efetuar a baixa no cartório, o devedor deve ir ao cartório em que seu nome foi protestado e verificar os procedimentos para o pagamento. Uma vez baixado o protesto, o cartório envia essa informação para os serviços de proteção ao crédito, que devem excluir seu nome de suas listas de mau pagadores.

Mesmo quando você não consegue quitar as suas dívidas, o seu nome deve deixar a lista de inadimplentes depois de cinco anos, que é o prazo legal para que o CPF fique negativado em razão de débitos em atraso.

Mas cuidado: embora o seu nome saia da lista depois desse prazo, a dívida continuará existindo. No caso de débitos com bancos e outras instituições isso é muito perigoso, pois com juros sobre juros o consumidor pode passar facilmente de negativado para um superenvidividado.

4.Organize-se para não cair nos mesmos erros

Coloque toda a sua renda e de sua família, e todas as despesas no papel ou na tela do computador. Só essa organização, já costuma fazer os gastos caírem.

Concentra os gastos fixos perto do dia de recebimento, assim você paga o mais importante e o essencial de cara. Depois, é só administrar o que sobrar. Mas atenção: os especialistas dizem que os gastos fixos não podem ultrapassar 50% da renda total. Se isso acontecer, reveja essas contas fixas!

Olho atento nas contas

Dizer que as contas prioritárias são aquelas básicas para a sobrevivência, como água, luz e supermercado, parece óbvio, mas há outras questões a serem consideradas quando o consumidor endividado olha para aquele monte de contas. É preciso olhar sempre não só aquelas essenciais para o dia a dia da família, mas também aquelas que podem trazer as consequências mais graves.

É o caso do financiamento da casa própria e de um carro, já que são bens que podem ser retomados muito rapidamente pelos bancos e financeiras, em caso de inadimplência: três meses de atraso, e o estrago está feito.

Precisa de ajuda extra?

Não tenha vergonha de pedir uma ajuda extra para um parente ou amigo que entende de orçamento doméstico. Vale também buscar a ajuda de serviços públicos.

No Paraná, o Procon e Tribunal de Justiça do estado ajudam na orientação e intermediação de soluções para os chamados superendividados, pessoas que já comprometeram mais de 30% da renda mensal líquida com dívidas, ou mesmo se veem desempregadas e sem renda alguma. No caso do Tribunal, a ajuda se dá no âmbito dos Juizados Especiais e nos casos que chegam até lá. Nesses casos, o TJPR tem como de praxe buscar a conciliação entre devedores e credores, olhando principalmente para a saúde financeira dos primeiros.

Já no caso do Procon, qualquer pessoa que esteja na situação de superendividada pode procurar o serviço. Administrativamente e com as medidas que lhe cabem, o órgão também buscará a conciliação dos credores com o consumidor endividado, olhando para a condições de extremo endividamento do cidadão com o devido cuidado.

Os demais estados também costumam ter serviços semelhantes.

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