Economia

Como a queda da taxa Selic interfere diretamente no seu bolso: a Tribuna explica

Foto: Arquivo/Felipe Rosa/Tribuna do Paraná.

Diante da crise causada pelo coronavírus, todos nós estamos preocupados com a nossas finanças. O que acontece com a minha poupança? É hora de gastar? Como está a inflação? E para tudo isso é obrigatório saber o que é a taxa do Sistema Especial de Liquidação e Custódia, a Selic, taxa básica que define os juros na economia brasileira.

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Durante a pandemia, a taxa Selic caiu para 3% ao ano e ainda pode cair mais. Em 2019, no mesmo período, por exemplo, a previsão era de 6,5%. Mas, o que é a taxa Selic e como ela influencia a vida de todos os brasileiros? Para sanar as dúvidas e entender a situação econômica atual, a Tribuna conversou com professor do Departamento de Economia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Alexandre Porsse.

O que é taxa Selic?

A sigla significa Sistema Especial de Liquidação e Custódia. A Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira, definida pelo Banco Central, que é vinculado ao Ministério da Economia. É a Selic que controla a inflação do país. A taxac impacta em três bases das suas finanças: inflação (aumento generalizado dos preços) , empréstimos (bancos) e investimentos (como a poupança, por exemplo).

O que acontece quando a Selic cai?

A política de redução da taxa Selic é utilizada em momentos de crise econômica, como a que estamos vivendo agora por conta do coronavírus. Por quê? Como as pessoas estão consumindo menos, a inflação está caindo.

Então a Selic busca acompanhar a inflação para para estimular o consumo, já que a intenção é reduzir as taxas de juros nos bancos para a população ter mais crédito na praça, o que é essencial em períodos de crise.

Sem efeito

Porém, até o momento, isso não está acontecendo na prática, já que os principais bancos não estão seguindo a Selic e abaixando a taxa de juros de maneira significativa. 

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“A política da diminuição da taxa está sendo correta, mas do ponto de vista de eficácia, está sendo limitada. De um lado o consumidor está muito receoso de aumentar os seus gastos, e do outro lado, os bancos estão receosos por causa de uma possível inadimplência”, analisa professor de economia da UFPR.

E a minha poupança?

A má notícia é que a poupança, que já vinha rendendo pouco, vai render menos ainda com a taxa Selic mais baixa. Com o futuro incerto, os depósitos na poupança bateram recorde em abril: R$ 30 bilhões. O valor é o mais alto registrado pelo Banco Central, desde 1995.

O motivo disso é o receio das pessoas de perderem o emprego na pandemia. Portanto, elas estão guardando dinheiro para uma necessidade futura.

Mas a poupança é o melhor investimento?

Não, a poupança não é o melhor investimento a ser feito para o seu dinheiro crescer, justamente por estar atrelada à Selic, que está baixa. Uma alternativa para ter maior rendimento é investir em fundos variáveis.

“Quem tem um saldo para a aplicação, pode manter 60% ou 70% na poupança e os outros 30% ou 40% em fundos de renda variável atrelados no mercado de ação”, explica o professor da UFPR. “Mas o consumidor que não tem muita experiência em fazer essas aplicações precisa ir com mais cautela”, alerta.

Preço dos produtos

Como a diminuição da Selic não tem surtido efeito, a inflação segue baixa. Ou seja, o preço dos produtos tende a cair. Por isso, para quem está com crédito e possa comprar, este pode ser um momento de encontrar valores mais baixos no mercado.

“Neste momento, o mercado vai fazer promoções de bens de consumo em geral, como automóveis e eletrodomésticos, já que as vendas estão baixas. Pra quem tem condições, pode ser uma boa hora para comprar”, orienta Porsse.

Alta do dólar

Outro impacto da Selic é na cotação do Dólar. Com a queda da taxa, a tendência é Real se desvalorizar ainda mais. “A queda da Selic é um dos fatores, aliados a outras questões, que fazem o Dólar subir. Com a Selic caindo, interesse do investidor financeiro internacional diminui, já que os juros são mais baixos. Isso impacta diretamente nas empresas”, finaliza Posse.

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No momento em que entra menos Dólar na economia, nossa moeda se enfraquece. A consequência é o aumento dos preços, seja por produtos cuja matéria prima são cotadas na moeda americana, seja pela opção de produtores preferirem a exportação, que será mais lucrativa.

Ou seja, a alta interfere diretamente nos consumidores, que podem ver os preços mais altos no mercado na hora de comprar a comida, assim como empreendedores que necessitam de matéria-prima.


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