Com exigência dos EUA, Brasil vê BID como “mini FMI”

Exigências impostas pelos EUA para aceitar um novo aumento de capital do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) transformariam a instituição de fomento em um “mini FMI” (Fundo Monetário Internacional). A avaliação é de fontes do governo brasileiro em visita a Cancún para a 51ª Reunião de Governadores do BID.

Sob a condição de anonimato, um funcionário brasileiro afirmou à Agência Estado que os EUA exigiram, durante reuniões a portas fechadas, que, no âmbito de um futuro aumento de capital, os financiamentos analisados pelo BID passem a ser necessariamente aprovados por um economista-chefe.

Caso o beneficiário do empréstimo não cumpra determinados critérios macroeconômicos ou não siga uma política fiscal considerada responsável pelo economista-chefe, o pedido de financiamento seria negado pelo economista-chefe. Atualmente, os empréstimos analisados pelo BID dependem da aprovação dos cotistas da instituição.

A aceitação de tais termos, na avaliação dessa fonte, não descaracterizaria o BID como banco de fomento, mas ainda assim faria dele um mini FMI porque os parâmetros sugeridos pelos norte-americanos durante as negociações seriam “draconianos”. Caso os demais países não aceitem as imposições, os EUA advertiram que não integralizarão suas cotas, prosseguiu a fonte. Os EUA são o maior acionista do BID, com cerca de 30% das cotas do banco.

As discussões ocorrem a portas fechadas e ainda não foi divulgado oficialmente nenhum documento sobre os debates. Sabe-se, no entanto, que o momento é tenso. Em um ponto da discussão, a delegação americana chegou a ameaçar desfazer-se de parte de suas cotas no BID, afirmou outra fonte brasileira.

A insistência norte-americana em submeter a aprovação de empréstimos a um economista-chefe desagradou aos brasileiros, disse uma terceira fonte. A Agência Estado apurou que haveria inclusive a possibilidade, no caso de os demais países aceitarem as exigências dos EUA, de o governo brasileiro fazer constar da ata seu “repúdio” a tais medidas, por considerar que elas consistiriam em “ingerência”.

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