CNDL critica possível entrada do BNDES em fusão

O presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), Roque Pellizzaro Júnior, avaliou hoje que as condições econômicas brasileiras e do mercado de trabalho levam à criação de megafusões no País, como o negócio que o Pão de Açúcar quer fazer com o Carrefour. “O Brasil tem uma série de pontos que direcionam para uma concentração do varejo, que tira a competitividade dos pequenos”, afirmou, citando como obstáculos para os empresários de menor porte a discussão da redução da carga de trabalho semanal para 40 horas e a expansão do crédito obtido por empresas grandes, que conseguem captar recursos no exterior a taxas mais baixas do que as nacionais.

Pellizzaro salientou que o caso deve ser acompanhado de perto, mas que as concentrações em todo o varejo vêm acontecendo, e de forma muito rápida. “O pessoal não está vendo isso, o porquê disso, e dos riscos que a operação pode gerar para o País”, disse. Para ele, é possível que as fusões no setor gerem aumento de preço ao consumidor. “Isso tende a acontecer. No mínimo, desestimula a queda, pois tira um concorrente de preços do mercado”, comparou.

O presidente da CNDL também não poupou críticas à possível entrada do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no negócio. “(O presidente do BNDES, Luciano) Coutinho diz publicamente que é intenção do governo que haja isso, a expansão de grupos, entre aspas, nacionais”, completou. Para Pellizzaro Júnior, porém, o uso do dinheiro do banco de fomento nessa operação precisa ser repensado. “Haverá dinheiro público no meio e é bastante, não é pouco. O Brasil tem que discutir para que o dinheiro do BNDES deve ser voltado”, considerou.

Pellizzaro Júnior acrescentou que esse tipo de negócio deve ser enquadrado como uma “atividade de especulação”, pois fusão não gera mais produção e empregos. Ao contrário, tende a usar as sinergias para reduzir o quadro de funcionários. “A CNDL quer pedir uma explicação em um sentido mais amplo, não só desta operação.”

O representante do varejo brasileiro disse ainda que as concentrações no varejo são complicadas nas duas pontas: na do consumidor e também para o fornecedor. “A concentração extrema pode ser perigosa. Se fosse uma operação 100% privada, assim mesmo deveria acender algumas luzes amarelas em relação ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e ao consumidor em si”, comentou.

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