CNA: IBGE superestimou o PIB Agropecuário

A expansão de 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB) do País em 2005, conforme divulgado na semana passada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi superestimada e não reflete a realidade de renda no País. A avaliação é do chefe do Departamento Econômico (Decon) da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Getúlio Pernambuco. ?O crescimento real não ultrapassou 1,3%, na medida em que a agropecuária, que participa com 10% do PIB, registrou uma queda de 10% na renda, com perdas de quase R$ 17 bilhões?. De acordo com os dados do PIB divulgados na sexta-feira, 24, a agropecuária registrou um crescimento de 0,8% em 2005, a menor taxa desde 1997.

O chefe do Departamento Econômico da CNA argumenta que a perda de renda do produtor rural verificada no ano passado contesta os dados do IBGE. Pernambuco explica que a metodologia do IBGE é baseada na quantidade e não na renda. ?Isso é muito grave, pois falseia a realidade e não pode servir de parâmetro para a definição de políticas governamentais para o setor.

A perda de aproximadamente R$ 17 bilhões de renda no ano passado foi motivada, segundo Pernambuco, por fatores como redução de produção, em quase 20 milhões de toneladas, por problemas como a estiagem prolongada na região Sul; redução dos preços recebidos pelo produtores e, ainda, a valorização do real frente ao dólar. ?A queda de 10% na renda do produtor é gritante e que terá graves reflexos no desempenho da safra deste ano. As perspectivas para 2006 não são positivas?, diz Pernambuco.

A queda de renda, observa o chefe do Decon, reduz o fluxo de caixa dos produtores e dificulta a obtenção de recursos para aquisição de insumos e pagamento de dívidas com o setor bancário. ?O nível de endividamento é crescente. Daí a necessidade de se buscar alternativas viáveis para equacionar os compromissos pendentes?, Getúlio Pernambuco. Caso esse cenário não seja equacionado, poderá comprometer ainda mais o desempenho do setor rural neste ano, com menor área plantada e, portanto, menor renda. No ano passado, a estimativa inicial era uma safra de 130 milhões de toneladas. Mas a colheita ficou em 113 milhões de toneladas.

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