Clima e Europa fazem leite brasileiro subir 60 vezes mais que inflação

Brasília – "Entressafra do leite" no Brasil, mudanças climáticas no planeta e o aumento de consumo na Europa. Esses são, segundo a Comissão Pecuária do Leite, os motivos que fizeram o preço do produto subir, em junho, 59 vezes mais que a inflação. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve aumento de 0,28%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O preço do leite subiu 12,4%, no mesmo período.

A chamada "entressafra do leite" é provocada pela seca das regiões Sul e Centro-Oeste, quando o pasto rareia e o agricultor é obrigado a aumentar a compra de ração para o gado. O período vai de abril a outubro. Desde o início da entressafra até julho, o preço do leite subiu 38%, segundo dados da Comissão de Pecuária de Leite. O resultado é quatro vezes mais que toda a inflação do ano passado medida pelo IPCA.

Além da entressafra, influenciaram também as mudanças climáticas e o aumento do consumo na Europa, segundo o presidente da Comissão de Pecuária de Leite, Rodrigo Albim. "Este ano, é preciso avaliar fatores mais relevantes que a entressafra". As alterações climáticas no planeta afetaram um pouco a produção de leite em alguns países, segundo ele. "Recentes inundações na Austrália devem fazer a produção de leite cair em 10% este ano. Nas cinco maiores bacias leiteiras da Argentina houve inundações que afetaram a produção. Lá [na Argentina] a produção este ano já caiu em 13%. Enfim, é todo um cenário novo em que há aumento no consumo e diminuição da oferta".

Também houve mudanças na União Européia. Com fortes subsídios para baixar o preço, segundo Albim, os países europeus são responsáveis por um em cada três litros de leite produzidos no mundo. A entrada de doze novos países na União Européia fez com que uma parte maior da produção se voltasse ao consumo interno. Com isso, houve menos oferta de leite no mercado internacional.

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